Batalha sobre obrigatoriedade do espanhol no Ensino Médio: Embaixadas, professores e parlamentares discordam. Sul-Americanos defendem línguas de ascendência, europeus se opõem. Interesses em jogo: lobby de reformas, documentos aprovados e revogados, regra de colonias, internacionais acordos.
O ensino de espanhol na educação básica brasileira está se tornando cada vez mais relevante, despertando o interesse de diversos setores da sociedade. A valorização do ensino de idiomas reflete a importância da comunicação globalizada nos dias atuais, impulsionando a busca por uma formação mais ampla e diversificada.
Além disso, a aprendizagem do espanhol tem se destacado como uma ferramenta essencial para ampliar horizontes e oportunidades de estudos no cenário internacional. A diversidade linguística contribui para o enriquecimento cultural e intelectual dos estudantes, preparando-os para os desafios do mundo contemporâneo.
Ensino obrigatório de espanhol revogado no Brasil
O texto aprovado aguarda sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, enquanto isso, está sob escrutínio de entidades de educação e professores. De autoria do deputado federal e relator Mendonça Filho (União-PE), o documento substitui a versão acatada pelo Senado e, entre outras medidas, suprime a obrigatoriedade do ensino de espanhol. Pelo texto aprovado pela Câmara, apenas o inglês é obrigatório. A decisão ocorreu após lobby contra e a favor de pelo menos 10 embaixadas de países hispano falantes e de representantes diplomáticos de França, Alemanha e Itália.
Do lado dos países da América do Sul que falam espanhol, há uma batalha pela importância do ensino do idioma no Brasil para a integração regional. Por outro lado, embaixadas que fizeram lobby defendem a possibilidade de ofertar uma segunda língua, caso as escolas queiram ou haja uma determinação estadual ou municipal.
Na realidade brasileira, o padrão de aprendizagem no final do ensino médio é considerado baixo, inclusive para o português. A inclusão do espanhol poderia criar mais dificuldades para os alunos dominarem a língua materna, justifica Mendonça Filho. Ele destaca a ascendência de colônias importantes de pessoas que migraram da Europa para o Brasil no século 20, como italianos, alemães, ucranianos e poloneses. Mendonça Filho ressalta que as comunidades terão preferência pela língua da origem cultural de seus antepassados.
Em 2005, o Brasil tornou o espanhol obrigatório no ensino médio por meio da Lei 11.161. No entanto, a regra foi revogada com a reforma do ensino médio em 2017, durante o governo do ex-presidente Michel Temer. A obrigatoriedade estava prevista no documento que passou no Senado em 2023.
A retirada do espanhol foi considerada um grande equívoco pela senadora Dorinha Seabra (União-TO), relatora do projeto no Senado. Ela destaca a importância dos acordos internacionais que o país tem com países latino-americanos, bem como as fronteiras brasileiras na América do Sul. Segundo Seabra, a língua espanhola é a escolha da maioria dos estudantes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Um novo projeto de lei, de autoria do deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE), tramita na Câmara, em caráter de urgência, pela reincorporação do espanhol como língua estrangeira obrigatória na fase final da educação básica. A batalha entre as embaixadas em relação aos idiomas estrangeiros como disciplina obrigatória continua.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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