Indígena Edson Kayapó: “Minha visão contra a colonizadora, estereotipada na literatura. Nosso povo, Sony, Ferseck e eu, retratados na terceira pessoa, romantizado, política-colonialista. Extinção, progresso-nacional, mosca-na-sopa, profecias, falidas projeto-de-progresso. Não podemos continuar. Líderes-indígenas no Salvador Flipelô: línguas nossas, resistir visão romantizada. Sociedade-brasileira, Estado-brasileiro, universidades, escolas, trazer para sociedade, fala coletiva e ancestral instrumento de combate. Não pode continuar: destruição da vida, necropolítica, muito-ante-1500.”
Por longo tempo, os autores-indígenas foram marginalizados na literatura, com suas narrativas sendo contadas por uma perspectiva não indígena, muitas vezes perpetuando estereótipos e visões distorcidas. No entanto, nos últimos anos, temos testemunhado um movimento de valorização e reconhecimento das vozes autores-indígenas na literatura brasileira, trazendo à tona histórias autênticas e profundas que antes eram silenciadas.
Um exemplo marcante desse resgate é a obra ‘Antes de Nascer o Mundo’, da renomada autora escritora-indígena Kaka Werá Jecupé, que traz uma narrativa poderosa e envolvente, revelando a riqueza cultural e a diversidade de experiências dos povos originários do Brasil. Através do olhar sensível e autêntico dos escritores-indígenas, somos convidados a mergulhar em universos literários ricos em sabedoria ancestral e ressignificação de identidades.
Autores-Indígenas e a Resistência
Silenciada por muito tempo, as vozes dos povos indígenas sempre resistiram. ‘Tem gente que diz que temos que dar voz aos escritores-indígenas. Mas nós já temos muita voz, desde muito-ante-de 1500. Ela agora só precisa ser potencializada para além desses lugares’, defendeu a poeta, professora e editora Sony Ferseck, do povo Makuxi. Mesmo que nossa língua seja proibida, a gente vai continuar resistindo através de outras línguas ou linguagens, sempre reforçou.
Visão Colonizadora e Estereotipada na Literatura
Em uma mesa promovida pelo Sesc-Senac dentro da programação da oitava edição da Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), em Salvador, Sony Ferseck e Edson Kayapó discutiram as literaturas indígenas e as poéticas de pertencimento, mostrando que a visão romantizada sobre os autores-indígenas sempre foi parte de uma política-colonialista e de extermínio dessas populações. ‘José de Alencar fez um absoluto desserviço para os povos indígenas à medida que nos apresentou como pessoas dóceis ou domesticadas, sem qualquer resistência contra a força colonizadora’, disse o professor, pesquisador, ativista e escritor indígena Edson Kayapó.
Características Folclóricas e a Política Colonialista
O indígena de José de Alencar é uma pessoa que ama de paixão a violência colonizadora e, no final da narrativa, vemos a morte das personagens indígenas, como também morreu Moema na pintura de Victor Meirelles. Disseram que os indígenas seriam extintos por não conseguirem acompanhar o progresso nacional e que o último indígena viveria até os anos 2000. ‘Mas nós somos, como já falou Raul Seixas, a ‘mosca na sopa’ dessas profecias falidas e desse projeto’, acrescentou Edson Kayapó.
Fonte: @ Agencia Brasil
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