Novo cenário de mercado cripto com ETFs de bitcoin nos EUA, halving e eleição presidencial impactando a volatilidade e o ambiente macroeconômico.
O primeiro trimestre de 2024 foi bastante movimentado no cenário das criptomoedas, especialmente com a valorização recorde do bitcoin atingindo novos picos.
Os ETFs de bitcoin estão se tornando cada vez mais populares nos Estados Unidos, atraindo a atenção de investidores institucionais e impulsionando a capitalização de mercado da moeda digital.
Maior demanda por bitcoin com lançamento de ETFs nos Estados Unidos
O lançamento dos ETFs (fundos de índice negociados em bolsa) com exposição direta a bitcoin, nos Estados Unidos, em janeiro, destravou a demanda dos investidores institucionais e trouxe um forte fluxo de capital ‘novo’ ao mercado.
Resultado: o bitcoin encerra os três primeiros meses do ano com valorização de 60%, quebrando sucessivos recordes de preço. A nova máxima está em torno dos US$ 73.500. E os 10 ETFs de bitcoin americanos já somam quase US$ 60 bilhões em capitalização.
Volatile mercado de bitcoin após entrada de investidores institucionais
Ao mesmo tempo, o mercado voltou a apresentar maior volatilidade, com altas e quedas mais intensas durante as negociações diárias. Para especialistas, diante da nova dinâmica do mercado – agora, ‘institucionalizado’ – os movimentos são normais, com correções ‘saudáveis’, após picos de preço.
Rony Szuster, analista de Research no MB, observa que a expectativa pela aprovação dos ETFs de bitcoin no mercado americano já havia provocado uma valorização significativa. ‘Após a aprovação, houve um movimento de entrada de capital muito forte com uma demanda muito maior, a demanda do investidor institucional’, afirma.
‘Essa valorização forte ao longo deste primeiro trimestre, se deu por causa desse choque de demanda.’ O ambiente macroeconômico também favorece a alocação dos investimentos.
Expectativas de inflação americana e eleição presidencial nos Estados Unidos influenciam mercado de bitcoin
Na semana passada, o comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) atendeu às expectativas, mantendo a atual taxa de juros, em 5,5% ao ano, e sinalizando três cortes ao longo do ano.
Szuster avalia que os dados de inflação americana – acima do esperado – trouxe alguma preocupação, mas o tom ‘dovish’ do Fed, isto é, tendendo à redução dos juros, acalmou os ânimos. Para ele, os cortes devem ocorrer antes da eleição presidencial nos Estados Unidos, que acontece em novembro.
Impacto do halving e Gestores de investimentos dão suporte à valorização do bitcoin
O cenário favorável à valorização do bitcoin é completado pelas expectativas em relação ao halving, que vai acontecer em meados de abril. O halving é um mecanismo que reduz à metade a ‘emissão’ de novos tokens. Com 93% dos bitcoins já em circulação no mercado, o impacto dessa ‘redução de oferta’ deve ser marginal, mas ainda assim se soma à tendência positiva.
Theodoro Fleury, gestor e diretor de investimentos da QR Asset Management, ressalta que essa conjunção de fatores, como os ETFs atraindo forte volume de captações e o cenário macroeconômico relativamente favorável, com projeções de queda de juros nos EUA para esse ano ainda, inclui ainda ‘a validação da tese de investimentos por grandes investidores, como a BlackRock’.
Demanda institucional impulsiona preço do bitcoin, afirmam especialistas
Cauê Oliveira, chefe de análise on-chain da plataforma educacional BlockTrends, reforça que um dos principais catalisadores de preço está sendo a demanda institucional pelo bitcoin, o que era bem menor anteriormente.
‘Com a chegada dos ETFs de bitcoin, a nova estrutura jurídica e de mercado proporcionou uma forma direta para se expor ao bitcoin sem os encargos de custódia’, observa.
ETFs representam fatia significativa no volume de bitcoins negociados nos EUA
Fábio Plein, diretor regional da Coinbase para Américas, acrescenta que os ETFs representam atualmente uma parcela de cerca de US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões, em volumes médios diários de bitcoins negociados todos os dias, ou 5,8% da oferta total em circulação. A Coinbase é custodiante de oito dos dez ETFs americanos.
‘O momento atual de flutuação e retração de preços se deve, aparentemente, a operações com fins lucrativos e a uma dinâmica natural de correção de preços’, aponta Plein. Ana de Mattos, analista gráfica da Ripio, pontua que o período de valorização da criptomoeda ainda está em curso. ‘Há um suporte na faixa dos US$ 65.638.
Portanto, o preço do bitcoin pode oscilar entre os US$ 70.000 e US$ 65.600 por um breve período de tempo’, afirma. ‘Uma consolidação entre esses preços será totalmente normal e aguardada, à medida que os vendedores realizam lucros e trocam de lugar com os compradores, que estão se posicionando para a próxima onda de alta’, ressalta Ana.
‘Para que o preço do bitcoin retome o movimento de alta, é preciso que as resistências de curto e médio prazo, que estão nas faixas de preços de US$ 72.400 e US$ 73.777 sejam superadas com bastante fluxo comprador’, aponta a analista. ‘Caso esse movimento se confirme, o próximo alvo de longo prazo será os US$ 81.857.’
Fonte: @ Valor Invest Globo
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