Pacote do governo envia sinais errados ao mercado com cortes de despesas sociais, afastando investimento estrangeiro, enquanto nova política fiscal expansionista contrasta com política de contração fiscal.
Ao apresentar o pacote de cortes de despesas, o governo brasileiro não apenas endossou uma isenção fiscal para quem ganha até R$ 5 mil por mês, mas também reforçou a sua estratégia de manter o país atraente para os investidores externos, apesar da crise fiscal que o país enfrenta.
Com o objetivo de superar a crise financeira, o governo precisa estar preparado para enfrentar os problemas que surgem em decorrência do desequilíbrio orçamentário. Os cortes de despesas devem ser eficazes e não impactar negativamente a economia. A crise fiscal é um desafio que necessita ser superado com firmeza, e o governo deve desenvolver estratégias para reduzir a dificuldade financeira, equilibrando a economia e garantindo uma expansão sustentável.
Alerta para crise fiscal global
O economista-chefe do Andbank, Alex Fusté, acredita que o governo brasileiro está repetindo os erros de comunicação com o mercado de tempos de Dilma Rousseff. Segundo ele, a política fiscal expansionista da gestão de Lula não é em si um entrave, mas sim o fato de os gastos serem utilizados em políticas com pouco retorno econômico ou financeiro.
Dificuldade em equilibrar contas
‘Os países nórdicos investem muito em gastos sociais e suas economias funcionam muito bem, mas o problema é que utilizarmos esses gastos em políticas com pouco retorno econômico ou financeiro’, afirma Fusté. O economista cita a política de contração fiscal adotada pelo argentino Javier Milei como um caso de sucesso, com redução pela metade do custo de financiamento do governo argentino e aumento de reservas internacionais.
Problemas de política fiscal
Fusté dedicou boa parte da entrevista para falar de sua expectativa do novo governo americano sob Donald Trump, a partir de janeiro. Ele não acredita na adoção de uma política linear americana de tarifas de importação e sim aplicadas a alguns países para alcançar determinados objetivos políticos. Os países mais visados, segundo diz, serão os que não praticam economia de mercado e recorrem a subsídios que desequilibram a competição, como a China.
Desafios para a economia global
‘Tudo o que um país tem de fazer é cumprir certas normas do mercado livre para evitar sobretaxação de tarifas’, diz Fusté, criticando o ‘receio exagerado’ da política tarifária de Trump. O economista também alertou para a situação da União Europeia, pressionada pela crise fiscal da França e econômica da Alemanha.
Consequências da crise fiscal
Para Fusté, nem o temor de sofrer sobretaxação de suas exportações para os EUA, principal parceiro comercial europeu, levará o bloco a assinar o tratado de livre comércio com o Mercosul. ‘Estamos negociando esse acordo há duas décadas e ainda estamos presos a diferenças importantes’, diz, citando a oposição do setor agrícola francês ao Mercosul.
Cortes e despesas para equilibrar
As medidas anunciadas no fim de novembro pelo governo federal para cortar despesas e obter o equilíbrio fiscal não foram bem recebidas pelo mercado. Fusté acredita que o governo precisa ter um discurso para a sociedade e outro para o mercado. ‘O governo precisa enviar os sinais corretos ao mercado, deixando claro que o risco de desordem macroeconômica é remoto ou improvável’.
Fonte: @ NEO FEED
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