A taxa Selic valoriza o teto de juros após aumento de expectativas de inflação forte e valorização do dólar, insatisfação com o pacote de corte de gastos.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, responsável por estabelecer as diretrizes do juros no mercado, realizará sua última reunião do ano na quarta-feira (11). Nesse encontro, o juros de referência para empréstimos e aplicações financeiras será decidido, afetando diretamente o mercado financeiro.
Com o objetivo de manter o juros em um patamar que estimule o crescimento econômico, o Copom também precisará considerar as implicações do imposto de renda sobre o taxa dos juros. Além disso, o ajuste dos juros também pode levar a um aumento ou redução das taxas de juros, dependendo de como o comitê vê o cenário econômico. A decisão do Copom será crucial para o juros nos próximos meses, afetando a economia como um todo.
Expectativas de alta para os juros
Os economistas estão prevendo um aumento significativo nos juros, devido à valorização do dólar e à insatisfação do mercado com o pacote de corte de gastos do governo, o que pode levar a uma inflação mais alta. Os juros mais altos são uma forma de controlar a inflação, pois aumentam o custo do crédito e desestimulam o consumo, o que pode levar a uma redução nos preços. O governo tem o objetivo de manter a inflação controlada e os juros são uma ferramenta importante para atingir esse objetivo.
Com a elevação das expectativas para a inflação, os juros também estão aumentando. Em novembro, o Copom aumentou os juros em 0,50 ponto percentual, para o patamar de 11,25% ao ano. O Copom deixou os próximos passos em aberto, afirmando que os ajustes dependeriam da evolução da inflação.
Agora, as expectativas para a inflação estão subindo em meio à valorização forte do dólar e a desconfiança do mercado com a política fiscal, pois os gastos do governo levam potencialmente a uma subida nos preços da economia. Com isso, as expectativas de alta nos juros estão se tornando cada vez mais certas.
Das 117 instituições ouvidas pelo Valor, 89 esperam que o Banco Central aumentará os juros em 0,75 ponto percentual nesta quarta-feira, para o patamar de 12% ao ano. Já 24 casas estimam uma subida de 1 ponto percentual, para o nível de 12,25% ao ano. Apenas quatro apostam que o Copom manterá o ritmo da última reunião, de 0,50 ponto percentual, levando os juros para 11,75% ao ano.
As expectativas dos economistas são mais conservadoras até do que as estimativas dos investidores no mercado de opões, como o Termômetro do Copom aponta. Estão embutidos nos preços uma probabilidade de 51% de subida da Selic de 0,75 ponto percentual, para o patamar de 12% ao ano, contra uma possibilidade de 40% de subida de 1 ponto percentual, para o nível de 12,25% ao ano. A expectativa mediana do mercado é que a Selic suba para o patamar de 13,50% ao ano até o fim de 2025.
Com as expectativas de juros mais altos, as aplicações financeiras de renda fixa devem oferecer taxas mais altas. O conselho dos especialistas tem sido aproveitar as aplicações atreladas à Selic (como o Tesouro Selic) para resgatar o investimento a qualquer hora, mas principalmente os investimentos atrelados à inflação (como o Tesouro IPCA+) para os investidores que podem esperar uns anos para fazer as retiradas. Com a alta nas expectativas para a inflação e os juros, eles estão oferecendo taxas muito atrativas, de 7% ao ano mais a inflação, que são raras de se ver.
O impacto dos juros no mercado
A alta nos juros também pode afetar os investimentos de renda variável, que tendem a perder atratividade com os juros nesse nível ou maiores até. Isso significa que a tendência é a bolsa demorar mais tempo para se recuperar. Com os juros mais altos, os investidores podem se sentir mais motivados a investir em aplicações de renda fixa, o que pode levar a uma queda nos preços das ações.
A necessidade de ajuste
A alta nos juros pode ser uma resposta necessária para controlar a inflação e manter a estabilidade econômica. No entanto, também pode ter o efeito de aumentar o custo do crédito e reduzir o consumo, o que pode afetar a economia como um todo. Além disso, a alta nos juros também pode afetar os investimentos em infraestrutura e outros projetos que dependem do crédito barato.
Os investimentos atrelados à inflação
Os investimentos atrelados à inflação, como o Tesouro IPCA+, podem ser uma boa opção para os investidores que podem esperar uns anos para fazer as retiradas. Com a alta nas expectativas para a inflação, esses investimentos estão oferecendo taxas muito atrativas, de 7% ao ano mais a inflação, que são raras de se ver. No entanto, é importante lembrar que esses investimentos também podem ser mais arriscados do que as aplicações de renda fixa tradicionais.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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