Indígenas sofreram lesão corporal por corda em residência suspeito, violência contra direitos dos povos.
A violência contra as crianças xavante foi alvo de protestos em Pontal do Araguaia, na quinta-feira (11), onde elas foram chicoteadas por um morador local. O caso, ainda em investigação, chama a atenção para o racismo e preconceito que muitas vezes acompanham a violência contra as comunidades indígenas.
De acordo com as informações disponíveis, as quatro crianças, entre 5 e 9 anos, foram agredidas com uma corda por um morador local que as acusou de furto. A agressão resultou em lesões físicas, e os detetives da Polícia Civil de Mato Grosso estão investigando o caso. Além disso, as crianças foram submetidas a uma violência que ultrapassa o plano físico. Elas foram atingidas por palavras de ódio e preconceito que são muito comuns em casos de violência contra indígenas.
O escalonamento da violência contra os indígenas se acentua na região.
A agressão, sempre um sinônimo de violência, foi de extensão extrema, segundo os familiares das vítimas, e aconteceu na última sexta-feira (6) na residência do suspeito, onde as crianças teriam se introduzido em busca de alimentos, como consta no relatório policial registrado como lesão corporal. As crianças apresentam lesões corporais graves, incluindo hematomas nas costas, nos braços e nos rostos. Familiares disseram à reportagem que o episódio teve um impacto profundo nas vítimas – medo de sair de casa e dificuldade de se alimentar. O Conselho Tutelar de Pontal do Araguaia e a Funai acompanham o caso. Em nota, a Funai lamentou o ocorrido e reforçou seu compromisso com a defesa dos direitos dos povos indígenas e o enfrentamento de práticas discriminatórias na perspectiva da violência, racismo e intolerância contra a população xavante. A Coordenação Regional Xavante, unidade descentralizada da Funai na região, está prestando total apoio e assistência. Diante da insegurança vivida pelos familiares, a coordenação está em contato com os órgãos competentes para avaliar medidas cautelares de proteção e para viabilizar ações criminais e cíveis contra os responsáveis pelos danos. Foi oferecido transporte para que a família pudesse retornar às aldeias de origem, mas eles optaram por permanecer em Pontal do Araguaia, onde estabeleceram residência e as crianças frequentam a escola.
A reportagem conversou por telefone com o autônomo Delmir Magalhães, 45, apontado pelas vítimas como o agressor. Ele negou a lesão corporal e acusou os indígenas de tentativa de extorsão, mas não apresentou provas. Maria Isabel Pewa Õtõwe Wa’aire, tia das vítimas, relatou que a família busca melhores condições de vida na sede do município e afirma que o agressor deveria ter entrado em contato com os responsáveis para informar a situação. A família denunciou o caso no MPF. Estamos aqui para combater o preconceito contra nós, indígenas. Estamos na cidade para estudar e trabalhar, educando nossas crianças. Estamos aqui para lutar por respeito a nós e as nossas crianças. Chega de violência, chega de preconceito, disse. Para os indígenas, o aumento da pobreza e de casos de violência contra indígenas em Mato Grosso é atribuído a gestão do governador Mauro Mendes (União Brasil). Sobre atendimento aos povos indígenas locais, o governo de Mato Grosso disse, em nota, que desenvolve diversas políticas transversais, por meio da Superintendência de Assuntos Indígenas da Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania, em uma articulação com as secretarias de Saúde, de Educação e de Agricultura Familiar. Em relação ao caso das crianças, a Secretaria de Segurança Pública disse que tomou as medidas cabíveis. A Polícia Militar atendeu a ocorrência e encaminhou para a delegacia da Polícia Civil de Pontal do Araguaia, que realizou exame de corpo de delito e está indiciando os responsáveis.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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