Cuidado com soluções caseiras e desinformação! Repelentes naturais, óleos essenciais e alho direto na pele não têm eficácia comprovada contra o Aedes Aegypti.
O número de casos de dengue continua aumentando significativamente no Brasil. Somente no último ano, foram confirmados mais de 2 milhões de casos e um aumento alarmante de óbitos relacionados à doença. Diante desse cenário preocupante, é essencial intensificar as ações de prevenção e controle do vírus da dengue.
O mosquito transmissor da dengue, o Aedes Aegypti, é o responsável pela disseminação do vírus da dengue. É fundamental que a população esteja atenta para eliminar possíveis criadouros do mosquito em suas residências, contribuindo assim para a redução dos casos da doença. A prevenção e a conscientização são as principais armas nessa luta contra a dengue.
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Desvendando os mitos sobre a dengue
Mas, nesse aspecto, há muita desinformação circulando, especialmente nas redes sociais. Pensando nisso, o Estadão falou com especialistas sobre os principais mitos sobre o combate à dengue e os seus riscos. Confira:
Vitamina B12
Trata-se de uma vitamina importante para o organismo humano, mas que não tem eficácia comprovada na ação repelente contra o Aedes Aegypti – e até mesmo pernilongos.
De acordo com o infectologista Renato Grinbaum, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o nível de absorção da vitamina B12 varia de pessoa para pessoa, o que torna o seu uso para afastar o mosquito da dengue ainda mais incerto.
Soluções caseiras que não funcionam
Borra de café
É possível que você já tenha se deparado nas redes sociais com um vídeo ou uma imagem de uma solução caseira contra a proliferação do mosquito da dengue feita a partir de borra de café.
Seja misturada com álcool ou sozinha, não existe comprovação científica a respeito do uso dessa substância contra a proliferação do Aedes Aegypti.’Nunca testaram isso sistematicamente e, quando falamos de uma doença tão grave como a dengue, não podemos confiar em hipóteses’, alerta Grinbaum. Borra de café não é solução para combater a dengue, alertam especialistas.
Repelentes naturais e a dengue
Citronela, andiroba e cravo da índia
Essas substâncias são populares nos chamados repelentes ‘naturais’ contra os mosquitos. Elas existem em diversos formatos, como difusor de ambiente, velas ou incensos.
De acordo com o Ministério da Saúde, entretanto, por não serem aprovados pela Agência Regulatória de Vigilância Sanitária (Anvisa), não há como confirmar a eficácia dessas substâncias na ação repelente contra os mosquitos.PublicidadeO Conselho Federal de Química (CFQ) vai na mesma linha.
Alternativas que não protegem contra a dengue
Álcool ou alho direto na pele
A infectologista Lina Paola Miranda Ruiz Rodrigues, da Beneficência Portuguesa, cita a aplicação de álcool ou alho direto na pele para afastar o mosquito transmissor.
‘Ambos não funcionam e podem causar problemas dermatológicos’, destaca.
‘Ambos não funcionam e podem causar problemas dermatológicos’.
A importância de combater informações falsas sobre a dengue
Um dos principais riscos da utilização dessas substâncias contra o mosquito transmissor da dengue é a falsa sensação de segurança, de acordo com a infectologista Raquel Stucchi, professora na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
‘As pessoas se sentem protegidas e acabam não tomando os cuidados realmente efetivos contra a proliferação do mosquito, como tirar a água parada e lavar os recipientes’, diz.
Ainda de acordo com a infectologista, o uso excessivo dessas receitas caseiras pode ser um risco para o organismo.(UnmanagedTypeCONTiNUA APÓS PUBLICIDADE)’
Medidas eficazes contra a dengue
Então, como se proteger da dengue?
A principal medida para combater a disseminação da dengue, de acordo com o Ministério da Saúde, é evitar acúmulo de água parada, principal foco de proliferação do Aedes Aegypti.
Para isso, algumas das recomendações da pasta são:
Garantir que caixas d´água e outros reservatórios de água estejam devidamente tampados;
Guardar pneus em locais cobertos;
Utilizar areia nos pratos de vasos de plantas ou realizar limpeza semanal;
Guardar garrafas e baldes com a boca virada para baixo;
Limpar e retirar o acúmulo de água de bandejas de ar-condicionado e geladeiras;
WpaComo tampas de garrafa, folhas secas e brinquedos;
Esticar lonas para cobrir objetos, como pneus ou entulho;
Outras medidas para o combate à dengue, segundo a infectologista da Beneficência Portuguesa, são: o uso de telas mosquiteiras, roupas com maior cobertura da pele e repelentes elétricos.
Sobre os repelentes de uso pessoal, a infectologista Rosana Richtmann, da SBI, destaca que os mais indicados são os que contêm icaridina ou DEET, em concentrações de 20% a 30%.
Fonte: @ Estadão
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