“Antigas relações por interesse chamadas de casamento pelos antigos, agora gourmetizadas com dotes, poder e herança. Ficcional ou real, baseadas em interesse, podem trazer antecipada perda ou mão-obra de grande valor.”
Nos últimos dias, quando ouvi falar sobre hipergamia pela primeira vez, pensei que se tratava de alguém que busca constantemente um parceiro com alto status social.
Algumas culturas valorizam a monogamia como a forma ideal de relacionamento, enquanto outras praticam a poligamia como parte de suas tradições.
Explorando a Hipergamia e suas Relações
O sufixo ‘gamia’ me levou diretamente ao universo da monogamia, que se refere ao relacionamento com um único parceiro, e da poligamia, que envolve ter vários parceiros simultaneamente. Dentro desse contexto, a hipergamia surge como um termo que desperta curiosidade e reflexão.
Ao contrário do que eu imaginava inicialmente, a hipergamia não se trata de sair ficando com o máximo de pessoas possível, sem restrições. Pelo contrário, ao pesquisar mais a fundo, descobri que o termo ‘hipergâmico’ descreve alguém que é essencialmente monogâmico, porém com critérios específicos e seletivos.
Em essência, praticar a hipergamia significa escolher se relacionar com indivíduos que possuem mais recursos financeiros e/ou poder do que você. É um comportamento que, apesar de não ser novidade, levanta questões interessantes sobre as dinâmicas de poder e interesse nas relações interpessoais.
A história nos mostra que, em tempos passados, os casamentos eram frequentemente arranjados, com a prática de oferecer ‘dotes‘ como parte do acordo matrimonial. Esses dotes geralmente consistiam em dinheiro ou propriedades transferidas da família do noivo para a família da noiva.
Recentemente, assisti ao filme ‘Donzela’, estrelado por Millie Bobby Brown, que retrata uma época fictícia em que tais práticas eram comuns. A trama gira em torno de uma princesa que é entregue em casamento em troca de riquezas e terras, evidenciando a antiguidade ficcional em que se passa a história.
A ideia de atribuir um valor monetário a uma pessoa, como era feito com os dotes, parece absurda nos dias de hoje. Era como se o preço da noiva fosse determinado sem levar em consideração sua vontade ou individualidade, resultando em uma visão distorcida do valor humano.
Os dotes também serviam como uma forma de compensação pela perda da mão de obra das mulheres mais jovens, que frequentemente contribuíam significativamente com o trabalho doméstico. Além disso, eram vistos como uma antecipação da herança que a família da noiva receberia no futuro.
Embora os casamentos por interesse tenham sido comuns em épocas passadas, a sociedade moderna tende a rejeitar essa prática, valorizando a autenticidade e a conexão emocional nas relações. A ideia de se casar por interesse é amplamente desaprovada, e indivíduos que são percebidos como agindo dessa forma são frequentemente julgados e criticados.
A evolução dos padrões sociais e culturais levou a mudanças significativas, como a proibição, até recentemente, de casamentos com comunhão total de bens envolvendo pessoas com mais de 70 anos no Brasil. Essa restrição reflete a rejeição crescente à ideia de casamentos motivados por interesses financeiros, destacando a importância de escolhas baseadas no afeto e na afinidade genuína.
Fonte: © CNN Brasil
Comentários sobre este artigo