Dados do Mapa da Desigualdade revelam disparidades entre as capitais, com indicadores de desemprego e letalidade policial. Acesso ao trabalho e representatividade política são desafios.
A cidade de São Paulo apresenta uma disparidade considerável em relação à desigualdade nos índices de homicídios juvenis se comparada com Salvador, evidenciando a necessidade de políticas públicas mais eficazes para promover a equidade social. Enquanto a capital baiana registra uma taxa alarmante de 322,5 mortes entre jovens de 15 a 29 anos a cada 100 mil habitantes, São Paulo possui um índice significativamente menor, com aproximadamente 7,76 mortes na mesma faixa etária a cada grupo de 100 mil habitantes.
A redução da desigualdade nas estatísticas de homicídios juvenis é um desafio que exige a implementação de medidas que promovam a igualdade de oportunidades e o acesso a serviços básicos nas regiões mais vulneráveis. É fundamental que se mapeiem as causas subjacentes a essas disparidades e sejam adotadas ações integradas para mitigar os efeitos da violência e da exclusão social, visando a construção de uma sociedade mais justa e solidária.
Desigualdade entre capitais brasileiras: Mapa da Desigualdade revela cenário preocupante
Os dados, que evidenciam uma grande desigualdade entre as capitais brasileiras, foram expostos no Mapa da Desigualdade, apresentado nesta terça-feira (26) em São Paulo, pelo Instituto Cidades Sustentáveis.
Ao analisar as informações do Mapa da Desigualdade, o coordenador geral do Instituto Cidades Sustentáveis, Jorge Abrahão, ressaltou a situação da capital baiana, que enfrenta ‘um gravíssimo problema de repressão policial‘.
De acordo com Abrahão, a taxa de letalidade policial é alarmante no estado. ‘Muitas vezes, a repressão atinge jovens negros nas grandes cidades brasileiras.’ Abrahão destaca que, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), uma cidade ou país com mais de 10 mortes por 100 mil habitantes é considerado uma região em guerra civil.
‘Isso evidencia a seriedade desse problema no Brasil’, ressaltou o coordenador do Instituto Cidades Sustentáveis. Além de se encontrar na pior posição entre as capitais brasileiras na questão dos homicídios juvenis, Salvador está na última colocação quando se trata da população abaixo da linha da pobreza – 11% dos habitantes da cidade baiana – e dos índices de desemprego.
A taxa de desocupação em Salvador é de 16,7%, enquanto a menor é a de Campo Grande, com 3,4%. O Mapa da Desigualdade é um estudo inovador, que compara 40 indicadores das 26 capitais brasileiras em temas como renda, saúde, educação, habitação e saneamento.
O levantamento destaca e reforça a enorme desigualdade presente em todo o país, enfatizando que, mesmo as capitais com melhor desempenho nos 40 indicadores, não são modelos ideais para o país. ‘É importante ressaltar que esses dados não definem a igualdade ou desigualdade de uma cidade, mas evidenciam as disparidades existentes entre as capitais brasileiras’, frisou Abrahão.
Representatividade feminina e desigualdade na política
O estudo também aponta desafios comuns a todas as capitais brasileiras, como a representatividade feminina na política. ‘Temos 658 prefeitas no Brasil, o que equivale a cerca de 12% do total de prefeituras do país [5.568]. Comparando esse número com os 52% da população brasileira, formada por mulheres, evidenciamos os desafios de representação política em nosso país’, afirmou Abrahão.
Michelle Ferreti, co-fundadora do Instituto Alziras, ressaltou que as mulheres constituem o maior grupo populacional no país. ‘É o grupo mais carente, com menor renda, maior taxa de desemprego e com acesso limitado ao mercado de trabalho e à esfera política’, acrescentou ela. Segundo Michelle, a representação feminina na política reflete ‘um retrato de ausências’.
Se observarmos as câmaras de vereadores, especialmente neste ano de eleição, constatamos uma significativa fotografia de ausências. Apenas 16% dos assentos são ocupados por mulheres nas câmaras de vereadores do país. Além disso, quando analisamos essa mesma métrica com um recorte racial, apenas 6% das cadeiras são ocupadas por mulheres negras nas câmaras de vereadores’, ressaltou Michelle.
Fortalecimento da sociedade civil e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
O Mapa da Desigualdade entre as capitais brasileiras é uma iniciativa do Programa de Fortalecimento da Sociedade Civil e dos governos locais para fomentar e construir cidades mais justas, iguais, democráticas e sustentáveis no Brasil, lançado também nesta tarde.
Esse programa tem como base os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que representam metas globais na Agenda 2030, um acordo firmado por 193 países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU). ‘O projeto foi desenvolvido em conjunto no âmbito da Rede de Estratégia ODS, uma coalizão formada por sociedade civil organizada, setor privado, governos subnacionais, governos locais e entidades municipalistas’, explicou Zuleica Goulart, coordenadora das Cidades Sustentáveis.
A iniciativa do Instituto Cidades Sustentáveis faz parte de um projeto de três anos, com o objetivo geral de promover o desenvolvimento econômico, equitativo, sustentável, participativo e inclusivo no Brasil. O programa visa criar e implementar ferramentas e metodologias para atuação nos municípios brasileiros, contribuindo para o alcance dessas metas globais.
‘Por meio deste projeto, esperamos impactar tanto na articulação política quanto na qualificação desse debate. Almejamos também fortalecer as capacidades técnicas dos municípios’, destacou Amanda Vieira, representante da Frente Nacional de Prefeitos e Prefeitas (FNP).
Fonte: © Notícias ao Minuto
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