Pianista popularizou a música brasileira globalmente, especialmente com ‘Mas Que Nada’, um clássico com arranjos musicais e cadências de jazz.
Reconhecido como um dos grandes responsáveis pela difusão da música brasileira, Sergio Mendes encantou o público com sua melodia e suas influências de jazz, apresentando arranjos que homenageavam os clássicos da Bossa Nova, incluindo obras de Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes, além de sucessos da MPB, como os de Caetano Veloso e Carlinhos Brown.
A melodia de suas composições sempre trouxe uma harmonia única, que cativava os ouvintes e transformava cada apresentação em uma experiência inesquecível. Sua habilidade em mesclar estilos é admirável. Mendes continua a ser uma referência na música, sempre inovando e mantendo a essência da tradição brasileira.
O Legado de Sergio Mendes
Ao longo de sua carreira, o pianista Sergio Mendes vendeu impressionantes meio milhão de cópias da famosa melodia Mas Que Nada, antes de falecer aos 83 anos nesta sexta-feira (6). Em 2015, ele compartilhou suas reflexões sobre o sucesso, ressaltando que não desejava se limitar a uma única carreira.
Parcerias e Estilo Musical
Famosos lamentaram sua partida, lembrando de suas colaborações com grandes nomes como Frank Sinatra e Carlinhos Brown. ‘Não aprecio rótulos. Sou pianista, compositor, produtor… Gosto de colaborar com outros artistas e criar arranjos musicais. Embora eu cante um pouco, sou apaixonado por todos os estilos de música: jazz, flamenco, e a música internacional. Essa diversidade se reflete na minha melodia,’ explicou Mendes ao site espanhol ABC Cultural em abril daquele ano.
A Inspiração por Gauguin
Sergio Mendes revelou que sua primeira inspiração musical surgiu de sua admiração por um artista de outra área, a pintura. ‘Quando tinha dezessete anos, compus uma melodia chamada Noa, Noa, em homenagem a Gauguin, o pintor francês. Admiro muito seu trabalho. Ele deixou a França em busca da Polinésia, e eu sou fascinado pela sua história. Essa composição foi uma homenagem a ele.’
O Impacto de Mas Que Nada
Embora tenha sido um dos artistas brasileiros mais reconhecidos globalmente, foi uma melodia específica que impulsionou ainda mais sua carreira. Em 1996, Mendes regravou Mas Que Nada em uma versão Bossa Nova, uma canção originalmente de Jorge Ben Jor. O sucesso foi tão grande que a melodia se tornou uma das mais ouvidas em seu portfólio. Anos depois, ele regravou a canção novamente, desta vez com a participação do grupo Black Eyed Peas. ‘É uma canção mágica. Foi a primeira vez que uma canção brasileira alcançou sucesso mundial: nos EUA, Europa, Ásia, Japão, em todos os lugares. Acredito que a força da melodia, que é simples e contagiante, foi fundamental. Tive outros hits em diferentes locais, mas tocar essa música é sempre um prazer. Gravei duas vezes: em 1966 e 40 anos depois com o Black Eyed Peas, e realmente apreciei essa reinterpretação.’
Reflexões sobre a Música Atual
Sergio Mendes, um amante da música popular brasileira e de ícones como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Jobim e Milton Nascimento, expressou sua preocupação com a nova safra de canções no mercado. ‘O que sinto falta é da melodia. Isso não se limita ao Brasil; é uma tendência global. Não ouço tantas composições bonitas como nas décadas de 1960 e 1970. Os jovens parecem preferir músicas de discoteca, quase sintéticas… É uma música fria, sem melodia. Não sei onde as melodias foram parar. É um ciclo, um período. Não percebo a música orgânica, nem a emoção que costumava existir. Por isso, busco gravar com novos compositores brasileiros, como Carlinhos Brown e Toninho Horta, que mantêm essa essência. Carlinhos é um grande percussionista e cria letras muito boas. Com ele, compus várias músicas.’
Fonte: © Revista Quem
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