Eduardo dos Santos veio do Arquipélago do Bailique com 80 estudantes para fazer o exame nacional do ensino médio em Macapá, buscando melhor qualidade nas aulas.
O jovem Eduardo Sarges dos Santos, de 18 anos, enfrentou uma jornada de 16h de viagem da Vila Progresso, no Arquipélago do Bailique até a capital do Amapá, para realizar as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), nos dias 3 e 10 de novembro em todo o país.
Alguns estudantes enfrentaram desafios semelhantes, comprometendo-se a se deslocar até grandes cidades para fazer o Enem, o exame de ingresso nas instituições de ensino superior em todo o Brasil. Com o objetivo de garantir uma vaga em universidades, muitos candidatos optaram pelo método de estudo e preparação adequada para superar o Enem.
Família e comunidade se unem em luta contra a seca
✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 Amapá Eduardo garante que a preparação para o Enem foi complicada devido à falta de estrutura na região, onde a população enfrenta a erosão, seca e salinização. No entanto, o que o abateu foi perder a avó no primeiro dia da prova.
Eu tive um privilégio incrível de conviver com ela e compartilhar minha vida. Muitas coisas que eu sei, eu aprendi com ela, que sempre me apoiou e me ensinou a ser alguém melhor. Ela era uma pessoa guerreira e tinha muito conhecimento. Eu queria ter tido a oportunidade de me despedir, pois quando ela se foi, eu já estava em viagem para Macapá, para fazer a Exame, Nacional do, Ensino Médio e melhorar minha vida.
Além disso, antes da morte da avó, o estudante também perdeu uma prima, que morava em uma fazenda localizada em uma área que depende da maré para navegar. A seca dos rios na região e o assoreamento prejudicaram o acesso ao atendimento médico. Ela era alérgica a picadas de insetos e infelizmente foi difícil conseguir logo atendimento médico, a situação dela se agravou e ela acabou não resistindo’, disse Eduardo.
Mesmo em meio às dificuldades, o estudante tem esperança de se sair bem na prova. Ele acredita que a força de vontade e a busca por ser alguém melhor podem ajudar a vencer os obstáculos. ‘Lá, realmente dá pra ver o esforço e o empenho dos professores e de todos os profissionais da escola pra dar um ensino médio de qualidade, sempre buscando nos elevar a um nível a mais, nos preparar mesmo e nos ajudar’, explicou Eduardo.
Ele pretende cursar Biologia e com o curso, conseguir ajudar a comunidade onde mora. ‘Não achei que a prova estava tão difícil, alguns temas, questões deu pra ter noção porque nós já tínhamos visto algo parecido nas aulas’, disse Eduardo.
Afetação da seca no Arquipélago do Bailique
O lugar fica localizado na Foz do Rio Amazonas e enfrenta atualmente a seca dos rios e também a salinização das águas. Os moradores se reuniram para ‘cavar’ alguns pontos, para que barcos possam seguir viagem. Entre as comunidades mais afetadas estão: Ponta da Esperança, Capinal, Arraio, Livramento, Ilha das Marrequinhas, Equador, Campos do Jordão, Maranata, Igaçaba, Ponta do Bailique, Igarapé do Meio, Franquinho, Macedônia, Progresso e Freguesia.
Segundo moradores da região, as 56 comunidades estão sendo impactadas diretamente por conta da estiagem e do assoreamento dos igarapés.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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