Desaceleração do ciclo de corte: as apostas caíram de 48,4% para 20,5%, refletindo contenção na política monetária e redução da margem de manobra.
Após a inflação nos EUA medida pelo CPI ter se mantido em março e frustrado as expectativas do mercado, que aguardava uma desaceleração, as projeções de início do ciclo de cortes de juros em junho diminuíram drasticamente, passando de 48,4% na última sexta-feira para 20,5% hoje (10).
Os investidores reagiram de forma surpreendente diante da perspectiva de redução de juros, refletindo em uma incerteza no cenário econômico que influencia diretamente a diminuição de taxas que era aguardada para o próximo mês.
Desafios do Fed com a Decisão de Corte de Juros
A desaceleração econômica nos EUA está levando a uma forte expectativa de corte de juros pelo Banco Central do país. Atualmente, mais da metade dos analistas acreditam que o Fed começará a implementar cortes em suas taxas a partir de julho, em uma tentativa de estimular a economia e combater os impactos da desaceleração.
A redução de juros é uma medida que vem sendo discutida diante da inflação resiliente e dos indicadores econômicos positivos que têm sido divulgados. Comentários conservadores de dirigentes do Fed também têm sinalizado uma possível diminuição de taxas nos próximos meses, o que reforça a expectativa de um ciclo de corte na política monetária.
Ryan Sweet, economista-chefe dos EUA da Oxford Economics, destaca que a perspectiva de cortes de taxa pode não ser bem recebida pelo Federal Reserve, mas a pressão do mercado e a necessidade de estimular a economia podem impulsionar os formuladores de políticas para adotar pelo menos dois cortes de taxa até o final do ano.
A contenção nas condições do mercado financeiro é um dos aspectos que o Fed precisa considerar ao avaliar a necessidade de cortar os juros. Isso pode limitar a margem de manobra da instituição, tornando-a mais cautelosa em suas decisões e prolongando a espera por ajustes na política monetária.
A análise do mercado de trabalho e da inflação são fatores determinantes para as ações do Fed. A força do mercado de trabalho e os recentes ganhos na inflação têm dado à instituição a margem de manobra necessária para agir com paciência e avaliar com cuidado a necessidade de cortes de juros.
O cenário econômico atual sugere que, caso o Fed não reduza as taxas em junho, a janela para cortes futuros pode se fechar até setembro. A decisão do Fed será influenciada por diversos indicadores econômicos, como o núcleo do CPI, que tem apresentado um aumento constante nos últimos meses.
A habitação, os preços do seguro de automóveis e outros setores da economia continuam a pressionar os índices de inflação, o que reforça a discussão sobre a necessidade de estímulos econômicos. Apesar disso, o Fed mantém seu foco no deflator de gastos com consumo pessoal (PCE) como medida preferencial para avaliar a evolução da inflação.
À medida que o Fed avalia os dados econômicos e a evolução dos índices de preços, a expectativa do mercado em relação aos cortes de juros permanece em destaque. A incerteza sobre o rumo da política monetária e a capacidade do Banco Central de lidar com a desaceleração econômica continuam a ser o centro das atenções para investidores e analistas.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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