O ministro Fernando Haddad reforça compromisso do governo com equilíbrio fiscal. No entanto, estratégia fracassa e expõe buracos do pacote, com reação negativa em termos de desequilíbrio fiscal, afetando a economia e linhas gerais do governo.
Doze horas após o anúncio das linhas gerais do pacote fiscal do governo federal, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, detalhou as principais medidas anunciadas, com o objetivo de reforçar o compromisso do governo com o arcabouço fiscal. O pacote foi aguardado há semanas e teve reação inicial decepcionante do mercado financeiro.
As principais medidas anunciadas visam reduzir o desafio fiscal do país, além de promover a recuperação econômica. Fernando Haddad destacou que o governo buscou equilibrar a necessidade de reduzir o pacote fiscal com a importância de manter o compromisso com o arcabouço fiscal. O ministro afirmou que o objetivo é revisar o pacote fiscal através de uma avaliação aberta e transparente, com o apoio de especialistas e da sociedade civil.
O Pacote: Um Desafio para a Sociedade Brasileira
O discurso do ministro Haddad, ao defender as medidas do pacote, soou como uma tentativa de responder à reação negativa do mercado, enfatizando que o objetivo era beneficiar toda a sociedade brasileira. No entanto, essa abordagem deixou dúvidas sobre a eficácia do pacote em reduzir o desequilíbrio fiscal e beneficiar as camadas mais pobres. A expectativa do mercado é de que o pacote seja insuficiente para alcançar esses objetivos.
Uma Estratégia Difusa e de Rendimento Incerto
O mercado está recebendo o pacote com críticas, com economistas e agentes afirmando que ele é decepcionante, muito difuso e de rendimento incerto. O chefe da área de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, afirma que o pacote é excessivamente carregado e que adicionar uma medida estimulante que reduz a receita do imposto de renda pessoal consolida a visão de que a administração continua a adotar uma estratégia de impostos e gastos em vez de focar diretamente no aperto da postura fiscal.
O Dólar Segue sua Trajetória de Alta
O dólar continuou sua trajetória de alta, ultrapassando a barreira dos R$ 6, em meio a críticas de economistas e agentes quanto à estratégia adotada pelo governo. O diretor de Investimentos para Mercados Emergentes das Américas da UBS Wealth Management, Alejo Czerwonko, teve reação semelhante, afirmando que o anúncio não garante os R$ 70 bilhões em economia fiscal amplamente esperados pelo mercado.
O Desafio de Cortar Despesas
O discurso cuidadoso do ministro Haddad, sem enfatizar a necessidade de cortar despesas, acabou ofuscando o detalhamento das medidas – algumas com potencial de forte impacto nas contas públicas. Um exemplo se deu quando Haddad citou a economia nos gastos do governo que o pacote deve gerar no período entre 2025 e 2030, de R$ 327 bilhões, valor muito mais chamativo do que os R$ 71,9 bilhões em 2025 e 2026, anunciado na noite anterior.
A Importância da Justiça Social
Haddad também foi pouco convincente quanto à necessidade de anunciar a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a criação de taxação de quem ganha mais de R$ 50 mil por ano –medidas divulgadas na véspera sem maiores detalhamentos – num momento em que o importante era reforçar o corte de gastos. Citando a necessidade de se fazer justiça social, o ministro gastou mais tempo rebatendo os cálculos de que a isenção ficaria acima dos R$ 35 bilhões previstos do que enfatizar o efeito mais impactante – beneficiar entre 70% e 80% dos assalariados.
O Futuro do Pacote
O futuro do pacote está longe de ser claro, com o mercado ainda esperando por mais detalhes e acreditação sobre a eficácia do mesmo. O discurso cuidadoso do governo não atenuou a decepção do mercado, e a expectativa é de que o pacote seja insuficiente para alcançar os objetivos de reduzir o desequilíbrio fiscal e beneficiar as camadas mais pobres.
Fonte: @ NEO FEED
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