Livros de autores não brancos e femininos representam 37% de 1.600 rejeitados, incluindo “O Menino Marrom” e “O Avesso da Pele”. Cidades e estados suspenderam e proibiram esses livros. Social movements impact figures and 2nd category books. (144 caracteres)
Um estudo realizado por pesquisadores de 4 universidades revela que livros infantis que abordam questões de raça e orientação sexual foram os mais banidos em escolas dos EUA durante o ano letivo 2021-2022. Obras de autores não brancos, que representam uma minoria no país, e de mulheres são as mais impactadas. A maioria dos livros banidos não são amplamente conhecidos.
Essa pesquisa ressalta a importância da diversidade na literatura infantil, mostrando como determinados livros são alvo de censura devido aos temas sensíveis que abordam. A liberdade de expressão e o acesso a diferentes perspectivas por meio dos livros são fundamentais para a formação educacional das crianças, mesmo que alguns títulos enfrentem resistência. A discussão sobre a inclusão de diversos autores e narrativas nos livros deve ser contínua e valorizada.
Livros banidos: Estratégia política ou preocupação?
Para os estudiosos, a proibição de livros parece ser mais uma tática eleitoral do que uma genuína preocupação com o conteúdo dos livros em si. De acordo com a pesquisa, as restrições ocorreram com maior frequência em regiões governadas por republicanos que se sentiam ameaçados pela crescente influência dos democratas. Livros infantis que abordam questões de raça e orientação sexual foram os mais impactados pelas proibições nas escolas dos Estados Unidos durante o ano letivo de 2021-2022, quando os banimentos atingiram níveis recordes.
Essa categoria representou 37% dos 1.648 livros afetados durante o período, alvo de 2,5 mil proibições analisadas no estudo intitulado ‘Banimento de Livros como Ação Política’, conduzido por um pesquisador brasileiro e outros três acadêmicos de instituições renomadas. Além disso, a pesquisa revelou que a segunda categoria mais afetada foram os livros de não ficção que abordam movimentos sociais e figuras históricas, totalizando 22% das proibições.
Um dos autores do estudo, o doutorando em Políticas Públicas Marcelo Gonçalves, da Universidade de Duke, acredita que a prevalência de livros infantis entre os banimentos se deve à capacidade de mobilização política que esses temas possuem, uma vez que as crianças são consideradas vulneráveis. A justificativa dos defensores dos banimentos costuma girar em torno da proteção das crianças e dos valores familiares, apesar de muitos deles desconhecerem o conteúdo dos livros em questão.
A censura de livros nos Estados Unidos tem sido objeto de críticas e denúncias, com destaque para a suspensão do livro ‘O menino marrom’, de Ziraldo, em escolas de uma cidade de Minas Gerais após pressão de pais. Mulheres são as mais afetadas, representando a maioria dos autores de livros proibidos (64%), em comparação com 29% de homens e 3% de não-binários, apesar de constituírem cerca de 54% da população nos EUA.
Entre as autoras, 24% são não brancas, incluindo negras, hispânicas, asiáticas, indígenas e outras minorias étnicas. Segundo Gonçalves, escritores pertencentes a grupos minoritários são desproporcionalmente visados pelos banimentos, mesmo publicando menos livros do que autores brancos, majoritários nos Estados Unidos. As proibições ocorrem com maior frequência em regiões tradicionalmente controladas por republicanos, onde a competição eleitoral tem se intensificado, levando os republicanos a adotarem o banimento de livros como uma estratégia política para mobilizar eleitores.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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