Décima edição: Marcha contra o racismo, Mulheres Negras lideram, Fórum Estadual de Mulheres Negras, milhares reunidos, Mobilização Setembro, Dia Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, Julho das Pretas, favelas, moradia, educação, vida sem violência, sociedade, desemprego, jovens femininas negras, renda, segurança, contra feminicídio.
Aos 92 anos, a ex-empregada doméstica Nair Jane de Castro Lima enfrentou o sol de inverno neste domingo (28) na orla de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, para participar da Marcha das Mulheres Negras no estado. A presença e a força das Mulheres Negras foram marcantes, reafirmando a importância da luta por igualdade e representatividade.
Em meio à multidão, as vozes das mulheres pretas ecoavam pela praia, clamando por justiça e reconhecimento. A diversidade e a resistência das Mulheres Negras foram celebradas em um ato de união e empoderamento. A participação ativa e a determinação das Mulheres Negras inspiraram a todos os presentes, fortalecendo a mensagem de que juntas somos mais fortes.
Mulheres Negras na 10ª Marcha das Mulheres Negras
‘Ela, que foi líder sindical e defensora dos direitos dos trabalhadores domésticos, vê na sua participação no evento uma mistura de resistência e inspiração para as novas gerações. Nair Jane de Castro, de 92 anos, marca presença na 10ª Marcha das Mulheres Negras do Rio de Janeiro. ‘É resistência na luta pelos direitos do negro, pela igualdade que buscamos. Os jovens precisam aprender a seguir em frente, ter coragem’, compartilhou com a Agência Brasil. A manifestação conseguiu unir diferentes gerações.
A poucos metros da ativista centenária, estavam presentes pais e responsáveis com crianças e adolescentes. Luciane Costa, acompanhada das netas Manuela, de três anos, e Mirela, de seis, participavam do evento. Para a avó, é fundamental que as duas crianças cresçam em ambientes de resistência coletiva contra o racismo e em prol de um mundo mais justo. ‘É essencial que elas saibam desde cedo que nossa existência é significativa para um mundo mais igualitário, onde as mulheres são o coração desse mundo e merecem respeito’, destacou.
A marcha, promovida pelo Fórum Estadual de Mulheres Negras, reuniu milhares de pessoas e encerrou a Semana de Mobilização pelo Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho, juntamente com o Julho das Pretas, uma agenda coletiva de protestos e celebrações ao longo do mês.
Uma das organizadoras, Clatia Vieira, ressaltou que a caminhada representa mulheres negras de favelas, terreiros, comunidades periféricas, de 52 municípios do Rio de Janeiro. ‘Estamos marchando por moradia, por uma educação pensada por nós e por uma vida sem violência para as mulheres negras’, enfatizou a organizadora. ‘O racismo afeta toda a sociedade, mata, adoece. Respeitar as mulheres negras é respeitar toda a sociedade’, declarou.
Estatísticas demonstram que as mulheres negras enfrentam desafios mais severos do que outros grupos da sociedade brasileira. No campo econômico, são as mais afetadas pelo desemprego. Em 2023, as mulheres negras entre 18 e 29 anos tiveram uma taxa de desemprego três vezes superior à dos homens brancos no Brasil, conforme dados do IBGE analisados pela Ação Educativa. Além disso, a juventude feminina negra tem uma renda 47% menor que a média nacional.
No que diz respeito à segurança, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado recentemente, revela que 63,6% das vítimas de feminicídio em 2023 eram mulheres negras, um aumento em relação ao ano anterior. Quanto à violência sexual, entre 2012 e 2023, a proporção de mulheres negras vítimas aumentou de 56,4% para 63,2%, conforme o Anuário.
A luta contra a impunidade e o Projeto de Lei 1904 são pautas presentes no evento.
Fonte: @ Agencia Brasil
Comentários sobre este artigo