Presidente do México acusa Equador de violar soberania em rede social. Jorge Glas preso na embaixada; Ministério das Relações Exteriores acionado.
Após o incidente na embaixada mexicana em Quito, o governo do México decidiu suspender as relações diplomáticas com o Equador. O anúncio foi feito pelo presidente López Obrador nas redes sociais, demonstrando a gravidade do ocorrido.
A quebra dos laços diplomáticos entre México e Equador evidencia a falta de diálogo diplomático entre os dois países. É fundamental que haja uma solução pacífica para restabelecer a relação entre as nações, reconstruindo a confiança mútua.
.
Governo do México enfrenta crise após invasão a embaixada no Equador
A invasão aconteceu na noite de sexta-feira (5). Segundo a Associated Press, um grupo de policiais foi até o local para prender Jorge Glas, ex-vice-presidente do Equador condenado a seis anos de prisão por corrupção.
Glas recebeu asilo político do México e estava na embaixada desde dezembro 2023. Ele alega ser vítima de uma perseguição da Procuradoria-Geral do Equador. Em uma rede social, o presidente mexicano disse ter sido informado da invasão pela Secretaria de Relações Exteriores. Ele afirmou ainda que o caso é uma violação do direito internacional e da soberania do México.
‘Instruí o nosso chanceler a emitir uma declaração sobre este ato autoritário, proceder legalmente e declarar imediatamente a suspensão das relações diplomáticas com o governo do Equador’, escreveu López Obrador.
De acordo com a Convenção de Viena sobre as Relações Diplomáticas, de 1961, os locais de missões de um país dentro de um outro — como embaixadas e consulados — são considerados invioláveis.
Equador e México aderiram à regra na década de 1960. Segundo o tratado, a entrada de agentes de estado dentro desses locais depende da autorização do chefe da missão estrangeira. Ou seja, no caso do Equador, a polícia deveria solicitar permissão ao embaixador mexicano para ingressar na Embaixada do México.
Relacionamento diplomático em xeque
A prisão
Jorge Glas foi condenado a seis anos de prisão em 2017.
Ele foi considerado culpado de receber propina da construtora Odebrecht em troca da concessão de contratos governamentais. O governo do México anunciou na sexta-feira que tinha concedido asilo político a Glas. Diante do anúncio, o Ministério das Relações Exteriores do Equador afirmou que o México estava violando acordos de asilo político.
Além disso, autoridades equatorianas pediram permissão ao México para entrar na embaixada em Quito e prender Glas. Durante a noite de sexta, um grupo de policiais equatorianos foi até a Embaixada do México com veículos escuros. Segundo a Associated Pres, os agentes arrombaram as portas externas da sede mexicana e entraram no local.
A principal avenida de acesso à embaixada também foi fechada pela polícia. O encarregado da Embaixada do México no Equador, Roberto Canseco, afirmou que houve um ‘atropelo ao direito internacional’. Ele também chamou o ocorrido de ‘inaceitável’ e ‘barbárie’.
‘Como criminosos, invadiram a Embaixada do México no Equador. Isso não é possível. Não pode ser.
É uma loucura’, disse Canseco.
Por meio de um comunicado, o governo do Equador afirmou que ‘não vai permitir que nenhum criminoso fique impune’, referindo-se a Jorge Glas. A nota diz ainda que o Equador respeita o povo mexicano e que embaixadas servem para estreitar relações entre os dois países.
Crise cresce entre México e Equador
Crise
A crise entre México e Equador começou a escalar após declarações do presidente López Obrador sobre as eleições equatorianas de 2023. Na quarta-feira (3), Obrador comparou o assassinato de Fernando Villavicencio, que era candidato à Presidência do Equador, à violência na atual temporada eleitoral do México.
Villavicencio foi morto em agosto de 2023, após um comício em Quito. Já no caso do México, vários candidatos locais foram assassinados nas últimas semanas. As eleições mexicanas estão marcadas para junho. Obrador também afirmou que a candidata de esquerda Luisa González, derrotada nas eleições do Equador, foi injustamente associada ao assassinato de Villavicencio.
O presidente mexicano ainda culpou a mídia do Equador, chamando-a de corrupta. López Obrador fez a comparação com o objetivo de atacar os veículos de mídia mexicanos, alvos de críticas frequentes por parte dele. O governo do Equador considerou as falas de Obrador ‘infelizes’ e, como resposta, declarou a embaixadora mexicana ‘persona non grata’.
O termo ‘persona non grata’ é um instrumento jurídico utilizado nas relações internacionais para indicar que um representante oficial estrangeiro não é mais bem-vindo.
VÍDEOS: mais assistidos do g1
Fonte: © G1 – Globo Mundo
Comentários sobre este artigo