Na cidade de São Paulo, 43,5% de evangélicos frequentam pequenas igrejas, com até 200 pessoas, em bairros periféricos. Mulheres negras, famílias com renda até três salários mínimos, atendem a igrejas evangélicas, umbanda, candomblé, espiritismo, budismo e outras religiosidades. Essas igrejinhas de pequeno porte equivalem a 71% do segmento e podem se multiplicar. Improvise púlpitos em bairros periféricas de São Paulo. Igrejas, berço de diversas religiosidades populares.
(AGÊNCIA BRASIL) – Nas comunidades evangélicas de São Paulo, é notável a presença significativa de mulheres negras, em lares com ganhos de até três salários mínimos. Essa é a representação da fiel comum em uma metrópole onde 71% da população religiosa frequenta igrejas de pequeno porte, capazes de abrigar até 200 fiéis e que se espalham pelas regiões periféricas.
Em contrapartida, é importante destacar que a diversidade étnica também se reflete no cenário religioso da cidade, com a presença marcante de pessoas negras em diferentes denominações. Essa realidade evidencia a pluralidade e a representatividade dentro das congregações, mostrando a riqueza cultural e espiritual presente no contexto religioso de São Paulo.
As mulheres negras nas igrejas evangélicas de São Paulo
Um panorama que pouco tem a ver com o imaginário alimentado por quem acompanha a distância a expansão evangélica na cidade. A tentação de associá-la a pastores ricos, quase sempre brancos e donos de impérios religiosos é forte, mas não espelha o retrato traçado por pesquisa Datafolha realizada entre 24 e 28 de junho com 613 moradores da capital paulista que se declaram parte desse ramo cristão. O levantamento tem margem de erro de quatro pontos percentuais e foi formulado com colaboração dos antropólogos Juliano Spyer, colunista da Folha, e Rodrigo Toniol, a socióloga Christina Vital e o cientista político Vinicius do Valle, todos estudiosos da área. Estamos falando de uma São Paulo onde uma em cada quatro pessoas é evangélica. Um bloco sobretudo feminino: elas são 58% entre os evangélicos e, segundo o Censo 2022, 53% da população local. Os evangélicos negros do município, que somam pardos e pretos, são 67% -na média geral estimada pelo Censo, o bloco equivale a 43,5% dos paulistanos. Quatro em cada dez entrevistados pelo Datafolha disseram frequentar uma igreja evangélica desde que nasceram ou antes dos 12 anos. Podemos chamá-los de evangélicos de berço, uma geração que já cresceu sob os auspícios dessa fé. Em 55% dos casos, nem o pai nem a mãe tinham por hábito ir à igreja quando o fiel era criança. Os números sugerem que a maior parte chega às igrejas após se converter, com 46% dizendo que incorporou cultos à rotina depois dos 18 anos. Esse expediente, em geral, passa por um batismo que inclui dizer que aceita Jesus Cristo como salvador. O fenômeno de trocar uma religião por outra, imperioso no passado, abrandou –58% dizem nunca ter tido outra religião antes. Quando acontece de substituir uma crença, é a Igreja Católica que mais sai perdendo. Dela vêm 38% dos convertidos às fileiras evangélicas. O restante se fragmenta em religiosidades como umbanda, candomblé, espiritismo e budismo. As megaigrejas que se impõem na cartografia religiosa são exceção. Só 12% costumam ouvir pregações em templos para mais de 500 pessoas. A malha evangélica paulistana é composta sobretudo por espaços que atendem até 200 pessoas, perfil popular nas periferias, onde as igrejinhas de bairro dominam, muitas delas sem um CNPJ próprio. É aquela história de pegar um galpão, colocar algumas cadeiras de plástico, improvisar um púlpito e pregar o Evangelho, sem apego maior a formalização. Claro que nada impede que uma Universal do Reino de Deus, para tomar de exemplo uma gigante do meio, tenha templos menores nos rincões urbanos, com poucas dezenas de membros. A assiduidade realça o alto engajamento dos fiéis: 54% vão a cultos mais de uma vez por semana, e 26%, pelo menos uma vez. São 43% os que dizem pertencer a uma igreja pentecostal, categoria que abrange Assembleia de Deus, Congregação Cristã do Brasil e Deus É Amor. Em seguida, com 22%, estão os adeptos de casas neopentecostais, como Universal e Renascer. Aqui vale um breve adendo: esse rótulo, forjado pelo sociólogo Ricardo Mariano nos
Laços fortes das mulheres negras nas igrejas evangélicas de São Paulo
últimos anos, não é exato para todas as realidades. Nas periferias de São Paulo, o cenário é outro. As mulheres negras desempenham um papel fundamental nas igrejas evangélicas de pequeno porte, onde a base de fiéis é majoritariamente composta por pessoas negras. Esses templos, que atendem até 200 pessoas, são o berço de uma expressiva parcela dos paulistanos evangélicos. Dentro dessas comunidades, as famílias de mulheres negras, muitas delas com renda de até três salários mínimos, encontram um espaço de acolhimento e fé. É interessante observar como a presença dessas mulheres negras nas igrejas evangélicas tem se fortalecido ao longo dos anos, refletindo um perfil cada vez mais diversificado e inclusivo. Os rituais e práticas religiosas, que incluem elementos de umbanda, candomblé, espiritismo e budismo, atendem às necessidades espirituais e culturais dessas comunidades populares nas periferias. As igrejinhas de bairro, muitas vezes improvisadas em espaços simples, tornam-se locais de encontro e celebração para essas mulheres negras, que encontram no Evangelho uma fonte de esperança e resistência. A presença marcante das mulheres negras nas igrejas evangélicas de pequeno porte destaca a importância desses espaços como centros de apoio e fortalecimento para a comunidade negra em São Paulo.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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