Ameaça protecionista do novo presidente ajuda a romper impasse e acelera União Europeia-Mercosul, mercado comum de US$ 22 trilhões, com produtos isenos e efeitos imediatos na agenda comercial.
Em um contexto de crescente globalização, a assinatura do tratado comercial entre União Europeia e Mercosul, marcada para a sexta-feira, 6 de dezembro, representa um marco significativo na abertura de uma nova era de cooperação comercial entre as principais economias mundiais. Esse acordo visa simplificar e facilitar o comércio bilateral entre a União Europeia e o Mercosul, permitindo que os países se beneficiem do aumento do comércio e da inversão, o que, por sua vez, pode impulsionar o crescimento econômico e a redução da pobreza em ambos os lados.
Uma das principais vantagens do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul é a redução de barreiras comerciais, o que facilita o fluxo de mercadorias e serviços entre os países membros. Isso pode ajudar a aumentar a competitividade das empresas dos países do Mercosul no mercado europeu e a aumentar as oportunidades de emprego. Além disso, o acordo visa estabelecer um ambiente mais favorável para a inversão, o que pode atrair mais investimentos estrangeiros para a região. No entanto, é importante notar que a implementação do acordo também pode enfrentar impasses políticos e comerciais, como a possibilidade de que alguns países membros do Mercosul sejam mais protecionistas do que outros, o que pode criar desafios para a implementação do acordo. Em qualquer caso, a assinatura do tratado comercial é um passo importante em direção a uma maior cooperação e integração econômica entre a União Europeia e o Mercosul, e pode ter um impacto positivo no desenvolvimento econômico de ambas as regiões.
Importância Histórica do Acordo Comercial
Além de superar obstáculos para criar um mercado compartilhado com um PIB combinado de US$ 22 trilhões, mais de 730 milhões de consumidores e 90% de produtos livres de tarifas, a assinatura do acordo, em Montevidéu, no Uruguai, teve um impacto imediato com consequências que transcendem as fronteiras dos dois blocos. O primeiro efeito foi fornecer uma resposta à ameaça protecionista do recém-eleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump – que desde a campanha prometeu impor tarifas de 10% em todas as importações dos EUA e intensificar a guerra comercial contra a China.
Um segundo efeito foi retomar a agenda comercial global, que vinha perdendo espaço desde a pandemia, com a desestruturação das cadeias logísticas, o ciclo de inflação e juros globais, e o crescente protecionismo americano, em especial contra a China. Além disso, a assinatura do acordo União Europeia-Mercosul tem um significado geopolítico mais importante do que o aspecto comercial, tanto para o Brasil e os países da região quanto para a União Europeia.
Acordo Comercial e Comércio
Segundo Rubens Barbosa, ex-embaixador da consultoria RB & Associados, o acordo é fechado num momento em que o mundo se vê pressionado pela ameaça protecionista de Trump e diante do acirramento do confronto comercial entre EUA e China. Isso mostra que o Brasil, que faz parte dos Brics, assina uma terceira via com 27 países da Europa, demonstrando que não está vinculado apenas aos EUA ou à China e segue caminho próprio, juntamente com os demais países do Mercosul.
Impasses e Ameaças ao Comércio
Agora, o Mercosul volta a ter posição no cenário comercial global e já ensaia o próximo passo, mirando um acordo comercial com a Ásia. Coincidência ou não, desde a vitória de Trump, o Brasil assinou um acordo comercial com a China e outro com a União Europeia. Mesmo assim, Barbosa não prevê nenhum tipo de reação por parte de Trump: ‘Ele tem uma visão zero, principalmente da América Latina, os americanos não têm política para a região, apenas em relação a temas como imigração e drogas.’
Agenda Comercial e Desafios
O desejo de Trump de redesenhar o comércio global sob a régua dos EUA vinha causando angústia especialmente entre os países da União Europeia, uma vez que o bloco tem nos EUA seu principal parceiro comercial. Com um crescimento econômico europeu pífio desde a pandemia e pressionada por gravíssimas crises políticas internas nas duas maiores potências do bloco – Alemanha e França –, a atual presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen, percebeu que era melhor assinar um acordo comercial longe do apoio unânime do bloco, inclusive sob risco de ser barrado na ratificação posterior, a ficar sob ameaça das bravatas de Trump.
Fonte: @ NEO FEED
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