Ilana Pinsky, psicóloga-pesquisadora, explora ligações entre saúde mental e sociedade. Temas emergiram após debates EUA: autocontrole, grupos idosos, demências, mecanismos de compensação e reparo. (143 characteres)
Rina percebeu os primeiros sinais do envelhecimento cognitivo há alguns anos, mas isso não a impediu de continuar ativa e social. Ela participava de aulas de dança semanalmente, o que ajudava a manter sua mente e corpo saudáveis. Além disso, mantinha contato frequente com suas amigas, trocando experiências e risadas, o que contribuía para sua qualidade de vida mesmo enfrentando os desafios do envelhecimento cognitivo.
Com o passar dos anos, Rina notou que também enfrentava os desafios do envelhecimento biológico. Apesar disso, ela se mantinha otimista e ativa, buscando novas formas de se manter saudável e feliz. Sua determinação em enfrentar a velhice com positividade inspirava não apenas suas amigas, mas também sua família, que a apoiava em todas as suas atividades. Rina sabia que, mesmo diante do envelhecimento biológico, era possível desfrutar da vida com plenitude e alegria.
Explorando o Envelhecimento Cognitivo e suas Complexidades
Antes mesmo de encerrar sua carreira como professora primária, Rina já estava envolvida em atividades voluntárias na Ofidas, atual União Brasileiro Israelita do Bem-Estar Social, desempenhando diversas funções. Lembro-me vividamente de quando ela compartilhou comigo sua experiência ao visitar o grupo de idosos da associação, supervisionando as atividades dos ‘velhinhos’. Naquela época, ela já era mais velha que a maioria deles, exibindo um temperamento tranquilo, sendo conciliadora, empática e organizada.
A trajetória de Rina era incomum, considerando que era a caçula de uma família imigrante da Ucrânia, cujo pai falecera dois meses antes de seu nascimento. Minha avó faleceu uma semana antes de completar 100 anos, vivendo uma vida plena na maior parte dela.
Em 2022, os brasileiros têm uma expectativa de vida em torno de 75 anos (79 para mulheres e 72 para homens), números que já foram mais altos antes da pandemia de Covid-19. Esse avanço é notável se comparado a 1970, quando a média de vida era de apenas 60 anos.
Recentemente, o debate entre o presidente Joe Biden e Donald Trump trouxe à tona discussões acaloradas não apenas sobre política, mas também sobre os impactos visíveis do envelhecimento cognitivo. Mas o que exatamente caracteriza um envelhecimento saudável? E como podemos proteger nosso cérebro, especialmente considerando o aumento da expectativa de vida e a crescente incidência de demências?
Do ponto de vista biológico, o envelhecimento pode ser descrito como a interação entre o dano acumulado no organismo e os mecanismos de reparo compensatórios. É importante distinguir entre velhice e envelhecimento, sendo este último um processo contínuo, não apenas uma fase da vida. As demências, com a doença de Alzheimer como principal causa, representam síndromes complexas.
A genética desempenha um papel crucial em diversos aspectos desse processo, influenciando a probabilidade de desenvolver certas condições, incluindo demências. Além disso, é inegável a tendência de ocorrerem mudanças cognitivas ao longo das décadas.
A memória operacional, responsável por reter e manipular informações temporariamente, tende a diminuir com a idade. Da mesma forma, a velocidade de processamento, que envolve a rapidez na compreensão e reação a informações, começa a declinar já na terceira década de vida, tornando tarefas de resposta rápida mais desafiadoras. A memória episódica, relacionada à recordação de eventos específicos, pode se tornar menos precisa com o tempo.
A atenção seletiva, que permite focar em uma tarefa específica enquanto se ignora distrações, também pode ser afetada. No entanto, estudos sobre os determinantes socioculturais do envelhecimento oferecem perspectivas otimistas, mostrando que o declínio cognitivo não é inevitável. Pesquisas indicam que certos processos compensatórios e mecanismos de reparo podem ser ativados para mitigar os efeitos do envelhecimento cognitivo.
Fonte: @ Veja Abril
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