Advogada do caso em Alto Paraíso envia
beijo
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, MP recusa por achar feia. Ética é fundamental, mesmo no século XXI. Discriminação de gênero não tem lugar no Tribunal do Júri.
Um importante promotor do Ministério Público de Goiás causou polêmica ao chamar uma advogada de feia durante uma sessão do Tribunal do Júri em Alto Paraíso de Goiás. A atitude inapropriada gerou desconforto, levando uma das juradas a se levantar e se retirar do julgamento, interrompendo assim o andamento do processo. O comportamento do promotor foi considerado inadequado e causou a anulação da sessão pelo juiz de Direito.
O episódio envolvendo o membro do parquet repercutiu não apenas entre os presentes na audiência, mas também na opinião pública. O respeito mútuo entre os membros do MP e demais profissionais do direito é essencial para a manutenção da ordem e da justiça. Espera-se que situações como essa não se repitam, prezando sempre pelo profissionalismo e ética no exercício das funções dentro do sistema judiciário.
Promotor de Justiça Douglas Roberto Ribeiro de Magalhães Chegury
‘Se eu quisesse beijar alguém aqui, eu gostaria de beijar essas moças bonitas, e não a senhora, que é feia.’ Após protestos dos presentes, ele continua: ‘Eu menti? Tecnicamente, ela não é uma mulher bonita’.
Ouça: O caso em julgamento tratava de tentativa de homicídio qualificado mediante promessa de recompensa e o episódio envolveu o Promotor de Justiça Douglas Roberto Ribeiro de Magalhães Chegury e a advogada Marília Gabriela Gil Brambilla. O membro do MP fez constar em ata que a referida advogada estaria interrompendo a sustentação oral do Promotor, e que teria tumultuado a tese sustentada.
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O caso em julgamento no Tribunal do Júri de Alto Paraíso de Goiás
‘As interrupções foram de forma exaltada, descortês e aos gritos.’ Ainda segundo a ata de audiência, a advogada encerrou uma de suas falas de forma ‘irônica, sarcástica e ofensiva’, dizendo ‘um beijo’. O Promotor, então, respondeu que, se tivesse que aceitar o beijo de alguém, seria das demais advogadas, e não dela, ‘que é feia’.
O Conselho de Sentença foi dissolvido após o abandono do corpo de sentença por parte de uma jurada. Diante do tumulto que se instaurou, inclusive com o abandono do corpo de sentença por parte de uma jurada, o conselho foi dissolvido e a sessão, anulada. A advogada pediu a prisão do Promotor, mas o pedido foi indeferido pelo juízo.
Promotor chama advogada de feia e júri é anulado. (Imagem: Freepik) Misoginia Após o episódio, várias entidades se manifestaram. A OAB/GO repudiou as declarações misóginas do Promotor, e disse que irá assegurar uma investigação criminal e administrativa em relação ao ocorrido.
‘Esta conduta viola a ética profissional e é inaceitável.
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O julgamento do homicídio qualificado e da tentativa de homicídio
Homicídio qualificado e tentativa de homicídio em destaque
Demonstramos solidariedade à advogada afetada e reafirmamos nosso compromisso com a defesa da dignidade e dos direitos de toda a advocacia, neste caso, especialmente da mulher advogada.’ Da mesma forma, a OAB/DF emitiu nota. O presidente da seccional, Délio Lins e Silva, diz que não há como tolerar esse comportamento, oferecendo apoio da diretoria e equipe de prerrogativas à advogada.
Leia Mais sobre a nota da OAB/GO em relação ao caso Misoginia
A nota da OAB/GO e a repulsa às declarações misóginas
A nota cita a forma desrespeitosa e misógina com que o membro do parquet se referiu à causídica, e diz que ‘tal atitude é inaceitável’, ferindo a ética e o respeito que devem permear o exercício da Justiça.
‘É inadmissível que em pleno século XXI, no mês de março, dedicado à luta pelos direitos das mulheres, ainda tenhamos que presenciar episódios de desrespeito e discriminação de gênero em ambientes profissionais, especialmente no campo jurídico.
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A discriminação de gênero no contexto jurídico
Fonte: © Migalhas
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