Ricardo Cappelli, presidente da ABDI, detalha como atuará nas ações de R$ 300 bilhões da Nova Indústria Brasil: programa de renovação, financiamento e encomendas tecnológicas.
Ricardo Cappelli ressaltou a importância da indústria para o desenvolvimento do país, destacando o papel da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) nesse contexto. Ele enfatizou a necessidade de incentivar a inovação e a tecnologia no setor para impulsionar a competitividade das empresas brasileiras.
Além disso, Cappelli destacou a relevância do setor industrial para a geração de empregos e o crescimento econômico. Ele ressaltou a importância de fortalecer os laços entre a ABDI e os mercados industriais, visando ampliar as oportunidades de negócios no setor manufatureiro. Ricardo Cappelli reforçou a necessidade de políticas públicas eficientes para garantir a sustentabilidade e o desenvolvimento contínuo da indústria no Brasil.
Indústria Brasileira: Programa de Renovação e Financiamentos
Desde o dia 2 de fevereiro, é ele quem comanda a agência que tem a missão de perseguir os objetivos previstos no planejamento da Nova Indústria Brasil (NIB), programa de renovação dos setores industriais anunciados em janeiro pelo governo federal, com previsão de injetar R$ 300 bilhões em financiamentos, entre 2024 e 2026.
O Novo Olhar da Agência Brasileira para a Indústria
Alçado ao comando da ABDI pelas mãos do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que também acumula o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), ao qual a ABDI está vinculada, Ricardo Cappelli, 52 anos, diz que recebeu o convite com entusiasmo, apesar da tarefa tão distante daquelas que desempenhou nos últimos anos.
A Trajetória de Cappelli e a Indústria Nacional
Até janeiro deste ano, Cappelli respondia pelo cargo de secretário-executivo do Ministério da Justiça, como braço-direito do então ministro Flávio Dino. Com a ida de Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF), chegou a ser cotado para comandar a pasta, mas o governo acabou decidindo pela escolha de Ricardo Lewandowski.
Experiência e Desafios na Indústria Nacional
‘Quando você exerce algumas funções na administração pública, passa a conhecer seu funcionamento, ganha capacidade de liderança, visão estratégica para definir foco e saber quais são os problemas a serem enfrentados. Tenho 24 anos de experiência em cargos públicos. São atributos que perpassam a atividade fim de onde você está naquele momento.
Desafios Enfrentados pela Indústria Nacional
Estamos falando de gestão, de forma geral, e conhecer a máquina pública ajuda muito’, diz ele. Entenda o que pensa e planeja o ex-braço direito de Flávio Dino e ex-interventor federal no pós-8 de janeiro. Abaixo, os principais trechos da entrevista ao NeoFeed. Que cenário você encontrou ao chegar na ABDI?
ABDI e o Futuro da Indústria Nacional
A realidade é que a ABDI ficou sete, oito anos sem bússola, porque o Brasil ficou esse período sem política industrial. Como é que você tem uma agência brasileira de desenvolvimento industrial, sem ter política para isso. Meu primeiro esforço aqui foi colocar a ABDI no curso da Nova Indústria Brasil, que é a nova política industrial. Vamos fazer com que a ABDI faça parte disso.
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial: O Papel e as Metas
De que forma isso está acontecendo, na prática? Meu primeiro movimento foi visitar o BNDES, a Finep, o MCTI, para fazer uma reunião com todos os atores importantes ligados à nova política industrial.
Indústria Nacional e as Oportunidades de Modelagem
Nós temos seis missões previstas na NIB que, dentro delas, trazem 20 nichos prioritários para ter detalhamento, mapear as cadeias produtivas de cada nicho, definir metas e objetivo de adensamento dessas cadeias. Desses 20 nichos, três ficaram sob responsabilidade da ABDI, para o mapeamento de suas cadeias. Que nichos são esses?
Indústria Manufatureira e a Encomenda Tecnológica
Máquinas e equipamentos agrícolas; robôs; e painéis fotovoltaicos e aerogeradores. O mapeamento dessas cadeias estão com a ABDI. Já temos equipe trabalhando nisso. O que esse mapeamento vai mostrar? Ele vai revelar como é que está a situação de cada setor, o nível de verticalização que existe no Brasil dessa cadeia toda. Por exemplo, a indústria fotovoltaica, como é que está? Vem tudo de fora?
Indústria Nacional: Inovação e Desenvolvimento
Está sendo produzido alguma coisa aqui? Quais são as oportunidades que podemos estabelecer nesta área, a partir de projetos que estão em andamento ou estudo? É isso que estamos fazendo: mapeando cada uma dessas cadeias.
Acompanhamento e Avaliação na Indústria Brasileira
‘Somos responsáveis pelo monitoramento, definição de indicadores e acompanhamento da avaliação de impacto das cadeias produtivas incluídas no plano de R$ 300 bilhões’ E esse mapeamento é detalhado? Quando tivemos o lançamento da NIB, uma das principais críticas que houve foi a ausência de detalhamento.
Indústria Nacional: Planejamento e Estratégia
Estamos saindo das metas genéricas, aspiracionais e entramos de fato na definição de cada um desses nichos. Paralelamente, também somos responsáveis pelo monitoramento, definição de indicadores e acompanhamento da avaliação de impacto no adensamento das cadeias produtivas incluídas no plano de R$ 300 bilhões. De que forma esse trabalho será feito?
Encomendas Tecnológicas na Indústria Nacional
Começamos a colher dados com BNDES, Finep e Embrapi, para começar, a partir da integração desses dados, a ter, no máximo daqui a seis meses, prestação de contas dos resultados, o que é outra crítica, uma interrogação que existe. Precisamos medir o impacto efetivo dos repasses, o adensamento nessas cadeias, os empregos gerados.
Inovação na Indústria e Setor Público
Fora disso, temos que explorar a possibilidade de o governo e todo setor público fazerem encomendas tecnológicas. Quais encomendas tecnológicas? Imagine que eu tenho um problema x, mas esse problema não tem solução pronta no mercado. Nós passamos a atuar para que o setor público busque essa inovação, mesmo que isso inclua certa probabilidade de risco. Pode dar um exemplo disso?
Desenvolvimento Tecnológico e Parcerias na Indústria
Por exemplo, recebi aqui os Correios. Estamos falando de um serviço que funciona muito bem, é claro. Mas, veja só. Eu soube ontem que toda parte de distribuição dos Correios é feita hoje em planilha de Excel. O serviço funciona? Sim. Mas pode funcionar com muito mais eficiência? Sem dúvida. Então, o que os Correios querem fazer?
Modelagem e Inovação na Indústria Nacional
Uma encomenda tecnológica, querem contratar um sistema para otimizar isso, para fazer a gestão deste fluxo gigantesco. O serviço funciona hoje, mas o que deve ter de perda e retrabalho nisso, é algo gigantesco. ‘Nós passamos a atuar para que o setor público busque essa inovação, mesmo que isso inclua certa probabilidade de risco’ E onde vocês entram?
Soluções Tecnológicas e Investimento na Indústria
Veja, esse sistema não existe, porque os Correios fazem uma coisa muito específica. Então, alguém vai ter que apostar na construção disso, vai desenvolver. Uma encomenda tecnológica é você estabelecer parâmetros e contratar uma solução, que em tese, vai ficar de pé, havendo sempre um certo risco. Encomenda tecnológica sempre tem risco.
Modelagem e Inovação na Indústria Nacional
Você tem que achar no processo de modelagem dessa contratação um equilíbrio entre o binômio risco e recompensa, que permita ao gestor público apostar o dinheiro na inovação, sabendo que pode dar errado, porque a inovação é tentativa, acerto e erro. Qual vai ser a parte da ABDI? A ABDI ajuda na construção da modelagem dessa contratação.
Apoio Técnico na Indústria Nacional
Puxamos os órgãos de controle para dar segurança e para que o gestor possa apostar em uma solução com recurso público. A Petrobras, por exemplo, fez R$ 450 milhões de encomendas tecnológicas com apoio de nossa modelagem, nossa equipe técnica. Neste ano ela quer dobrar, com R$ 900 milhões de encomenda tecnológica apoiada neste modelo.
Fonte: @ NEO FEED
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