Pequenos diálogos para lidar com grandes traumas e ideias, refletindo sobre a dependência por atenção dos outros. Drama-intensos, forma de sobrevivência, momentos aceitáveis, emoções frenéticas e conflitos embates.
Eu sempre soube que meu coração era um palco para dramas. A vida parecia uma peça teatral onde eu era o protagonista, e todos os meus passos eram guiados por uma trama premeditada de desapontos. Ninguém me dizia que eu era dramático, mas eu sabia que era sim, eu era o rei do drama. Meus dias eram um labirinto de desafios, onde cada nova manhã trazia consigo uma oportunidade de testar minha força.
Minha vida era um livro de problemas, onde cada capítulo terminava com uma traição, uma decepção ou uma perda. Era como se eu estivesse trilhando um caminho apinhado de obstáculos, e cada término marcava o fim de um sonho, um sueño que nunca se concretizava. Eu sempre dizia que aquela era a história da minha vida, um drama contínuo de lutas e superações. E, eu era o autor da minha própria história, uma história cheia de altos e baixos, onde o drama era o protagonista.
Drama como forma de sobrevivência
Eu sempre acreditei que o drama era o meu refúgio, minha forma de lidar com o caos que rodeava minha vida. Cresci em um ambiente instável, onde o amor era demonstrado através de humor subversivo e o riso era uma forma de esconder as lágrimas. Meu objetivo era ser engraçado e divertido, e eu passei a atuar para todos verem, mas essa busca por aceitação me deixou desconectado do meu corpo e do meu próprio centro. Eu era o fantasma vagante, procurando por momentos de calma em meio ao turbilhão.
Drama-intensos e forma-sobrevivência
O bullying na escola foi um dos principais motores do meu drama. Eu sofria tanto dos meus colegas quanto dos professores que não tinham paciência para um jovem gay com dificuldades de aprendizado. Eu me sentia preso, sem ter para onde correr, e precisando fugir. Aos 13 anos, eu fingi meu próprio suicídio, organizando meticulosamente a cena para punir meus pais, meus colegas e meus professores por me causarem tanta dor. Queria que alguém me resgatasse e me levasse embora de todo aquele caos e sofrimento.
Problemas e términos
Eu passei meses entrando e saindo do hospital, inventando um jeito de ser readmitido cada vez que me mandavam para casa. O hospital era um lugar de conforto para mim, onde havia espaço para ser grandioso e expressivo. Eu era um viciado em drama, e meu trabalho como ator, diretor e coreógrafo profissional era uma fonte constante de drama. Mas, ao mesmo tempo, eu conheci um parceiro que desencadeou toda a minha dor e disfunção profundamente enterradas e as trouxe para a superfície.
Drama e emoções-frenesis
Eu sempre achei que fosse bom lidando com o estresse — o que não percebi é que estava usando o estresse para prosperar. Minha tolerância para disfunção, crise e caos estava sendo levada ao limite, e logo ficou claro que precisava mudar. O drama não era apenas minha forma de sobrevivência, mas também minha forma de lidar com as emoções-frenesis que me assolavam. Eu precisava aprender a controlar essas emoções e a encontrar uma forma de lidar com elas de forma saudável.
Conflitos-embates e traições
Mas, ao mesmo tempo, eu estava em conflito com meu próprio ego, que me dizia que eu era capaz de lidar com tudo. Eu estava em embates com as minhas próprias emoções, que me faziam sentir como se eu estivesse em uma luta constante. E, em meio a tudo isso, eu estava sofrendo traições, decepções e perdas, que me faziam questionar tudo e a todos. Eu precisava encontrar uma forma de lidar com esses conflitos-embates e traições de forma saudável, para não mais me deixar consumir pelo drama e pela dor.
Fonte: @ Veja Abril
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