Cerca de 1/3 dos elefantes do mundo estão na África, onde a população aumentou exponencialmente. Autoridades buscam medidas para controlar o crescimento.
Em um cenário inusitado, 20 mil elefantes podem ser enviados para um parque na Alemanha. Na terça-feira (2), o presidente de Botsuana anunciou essa possibilidade devido a um impasse sobre conservação ambiental, o que chamou a atenção de todo o mundo para a situação destes majestosos animais.
Essa potencial migração em massa levanta questões sobre a convivência entre elefantes e outras espécies de animais selvagens no parque alemão. A presença desses gigantes da natureza poderia impactar significativamente o ecossistema local, trazendo novos desafios para a preservação da fauna selvagem no local.
Presidente de Botsuana contra a importação de troféus
A história teve início no início deste ano, quando o Ministério do Meio Ambiente da Alemanha propôs regulamentar a importação de troféus provenientes da caça de animais. Essa decisão provocou a reação do presidente de Botsuana, Mokgweetsi Masisi, que afirmou por meio dos meios de comunicação alemães que tal medida apenas contribuiria para empobrecer o seu país. Masisi, em sua explicação, ressaltou que, devido aos esforços de conservação ambiental, a população de elefantes aumentou exponencialmente, e portanto, a caça desses animais é necessária para equilibrar o ecossistema. ‘Os alemães deveriam conviver com os animais da forma que nos dizem para fazer’, enfatizou Masisi em entrevista ao jornal alemão Bild.
Com quase um terço da população mundial de elefantes, cerca de 130 mil animais, Botsuana enfrenta desafios relacionados às manadas de elefantes que causam danos a propriedades, destroem colheitas de agricultores e representam riscos para os moradores. Em meio a essa situação, nos últimos meses, Botsuana realizou a doação de 8 mil elefantes para Angola e ofereceu outros cem a Moçambique, como parte de um esforço para reduzir o número de elefantes no país. O presidente Masisi chegou a expressar a intenção de oferecer o mesmo presente à Alemanha, deixando claro sua determinação nesse assunto.
Proibição da caça de troféus
Grupos de defesa dos direitos dos animais têm se manifestado contra a prática da caça de troféus, argumentando que ela é cruel e deveria ser proibida. A Alemanha é apontada como o país da União Europeia que mais importa troféus de caça, segundo um relatório da Humane Society International. Em contrapartida, Botsuana proibiu a caça em 2014, mas relaxou as restrições em 2019 diante da pressão de certas comunidades locais.
A caça de animais selvagens para obtenção de troféus é proibida em Botsuana, porém o país permitiu a realização de caças anuais controladas como uma fonte de receita para a economia local. A ideia por trás dessa medida era também desencorajar a caça ilegal de animais selvagens. Vale destacar que Botsuana já chegou a considerar a possibilidade de utilizar elefantes como ração para animais de estimação, demonstrando a complexidade das questões envolvidas.
Diante desse cenário, o debate sobre a importação de troféus de caça continua em pauta, com diferentes posicionamentos e interesses em jogo. Enquanto países como Austrália, França e Bélgica já proibiram o comércio de troféus de caça, o Parlamento britânico votou a favor da proibição da importação desses troféus, aguardando revisão para se tornar lei. Por outro lado, Botsuana defende a venda de suas reservas de marfim, provenientes das presas de elefantes, como uma alternativa para gerar receita diante do aumento da população desses animais. Contudo, essa proposta enfrenta resistência de países da África Oriental e de grupos de defesa dos animais, que temem o estímulo à caça ilegal.
Em meio a essas divergências, a questão da conservação ambiental, do aumento da população de elefantes e dos impactos da caça de troféus permanece em destaque, exigindo um debate responsável e cuidadoso. A preservação da vida selvagem e o equilíbrio dos ecossistemas são temas de extrema importância em um contexto global de crescente conscientização sobre a importância da proteção dos animais e do meio ambiente.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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