Na estreia no festival, Ana Gabriela, CMO do iFood, discute saúde mental, IA e tecnologia. Impacto, logística, inovação e inclusão são temas em destaque.
Amanda Schnaider 14 de março de 2024 – 6h02 ‘É incrível a quantidade de estímulos que estamos recebendo’. Segundo Ana Gabriela Oliveira, diretora sênior de marketing do iFood, esta tem sido a experiência deles durante a participação no festival South by Southwest.
Em um cenário cada vez mais pautado pela inteligência artificial, é fundamental estar atento aos estímulos e oportunidades de inovação. Ana Gabriela Oliveira destaca a importância de explorar novas tecnologias, como a inteligência sintética, para se manter relevante no mercado. A busca por soluções inovadoras é constante nas estratégias do iFood.
O SXSW e a experiência para ampliar o repertório e se inspirar
O SXSW, hoje, é quase que uma parada obrigatória para todo mundo ter essa experiência, pelo menos uma vez, de poder respirar, oxigenar, ampliar o repertório, se inspirar’, completa.
Apesar atuar em uma empresa que faz parte da indústria de tecnologia para o setor de alimento, a diretora foi ao evento com a cabeça aberta para tentar absorver conteúdos novos, que não necessariamente fazem parte do seu dia a dia. Neste sentido, um dos pontos que mais chamou a sua atenção foi a questão de saúde mental, que permeou diversas discussões na 38ª edição do festival.
Ana Gabriela, diretora sênior de marketing do iFood (Crédito: Amanda Schnaider) Outro tópico muito presente na programação deste ano do festival foi a inteligência artificial. O iFood tem investido neste campo há algum tempo, visto que já possui mais de 100 aplicações de inteligência artificial em seus negócios, que vão desde logística até geração de cardápio.
Ainda assim, ao vivenciar o SXSW, Ana acredita que ainda há muita coisa para explorar e para aprender sobre inteligência artificial. Confira a entrevista completa com a executiva abaixo: Meio & Mensagem – É a sua primeira vez no South by Southwest este ano. Quais são as suas primeiras impressões? Quais temas, palestras e conversas que mais chamaram a sua atenção até o momento?
Tem vistos discussões a respeito da indústria de alimentos aqui? Ana Gabriela – É a minha primeira vez no South By Southwest. Já tinha ouvido falar das pessoas, mas só estando aqui presencialmente para vivenciar a quantidade de conteúdo.
Estou impressionada com a quantidade de conteúdos e estímulos, porque não são só conteúdos de palestras, vemos desde ativação de marca, os palestrantes, conteúdo na própria cidade acontecendo. É impressionante a quantidade de estímulos que recebemos.
Sobre as palestras que mais chamaram a minha atenção, tem uma trilha só de comida, alimentação, que fala do futuro e de tecnologia, inovação, cheguei a ver algumas discussões, mas estou buscando ver outros temas, porque acredito que aqui é o momento de abrir a cabeça. Tenho visto muitas palestras sobre saúde mental.
Nesse ano, o South by Southwest está focando muito nessa questão de saúde mental e inteligência artificial, e como as tecnologias também acabam se relacionando com esse tema da saúde mental.
Por exemplo, fui em uma palestra sobre demência, Alzheimer, sobre a saúde do cérebro e o quanto que a tecnologia e a inteligência artificial tem aprimorado e deixado mais precisos os diagnósticos e a prevenção.
É incrível poder ver o quanto que a tecnologia, o quanto que a inteligência artificial é um tema transversal, que vai desde publicidade e marketing, em como as marcas podem usar mais da tecnologia e da inteligência artificial, mas também como a área da saúde está fazendo isso. Achei interessante ver essa transversalidade.
Como comentei, tem se falado muito sobre saúde mental, é uma questão urgente, que todo mundo precisa se atentar. É um tema que as marcas precisam também estar atentas, no ambiente que estamos vivendo nesse mundo mais polarizado, cheio de conflitos. M&M – Na sua visão, como o SXSW contribui para o repertório do CMO hoje?
Ana – Um pouco do que falei na pergunta anterior, para mim, a maior contribuição do SXSW é a quantidade de estímulos e inspiração que temos no mesmo lugar. Isso aumenta demais o nosso repertório, para sairmos da nossa categoria, daquilo que vivemos no nosso dia a dia e podermos olhar um pouco de fora o que está acontecendo no mundo. Mas também é sobre relações, sobre as pessoas. Isso é legal.
Essa humanidade que tem sobre os temas, como se humaniza os temas, desde ser gestor de marca a gestor de pessoas. Isso tem contribuído muito para o meu repertório, e acredito que, para o dos CMOs também.
A importância da inteligência artificial para o iFood e o futuro da tecnologia
O SXSW, hoje, é quase que uma parada obrigatória para todo mundo ter essa experiência, pelo menos uma vez, de poder respirar, oxigenar, ampliar o repertório, se inspirar, e com certeza tem muita coisa que vamos levar para o Brasil, para poder contribuir, inclusive, com a nossa aplicação de tecnologia e inovação dentro do nosso próprio país.
M&M – A inteligência artificial é um dos principais assuntos do SXSW 2024 e o iFood também está engajado no tema, visto que, em 2019, anunciou o investimento de US$ 20 milhões no setor. De que forma, você levará seus aprendizados sobre IA aqui do festival para dentro da operação do iFood? Ana – A inteligência artificial por si só não é uma novidade no iFood, já falamos disso desde 2018.
Hoje em dia, o mundo inteiro tem falado muito mais de IA por conta dos avanços, mas sempre tivemos IA.
Mas é uma tecnologia que está em constante evolução e, por mais que já tenhamos aplicado, hoje no iFood temos mais de 100 aplicações de IA nos nossos negócios, que vão desde logística para melhorar a rota de entregador, estimativa de tempo de entrega na casa do cliente, uma personalização mais precisa de busca relacionados aos gostos do cliente, auxiliar na geração de cardápio, chat, bot, temos várias dessas funções no iFood, ainda assim, o que estou vivendo aqui no SXSW é que ainda temos muita coisa para explorar e para aprender sobre IA.
E acredito que isso não vai parar, não vai ter fim. Vamos ter sempre muita coisa para aprender. E o que estou vendo muito aqui é que ninguém tem muita resposta do que vai acontecer. O que se sabe é que é uma disrupção, é algo que vai mudar muitos setores da economia do mundo, como eu já comentei antes, não só na publicidade e nos negócios, mas também na área de saúde, nas políticas públicas.
Tem muita coisa que está acontecendo e que vai acontecer, e a verdade é que ninguém sabe muito o que se dá para explorar. Vamos tendo várias descobertas a cada ano que passa.
Então, o aprendizado que eu vou levar sobre IA aqui do SXSW para dentro da operação do iFood, é que ainda temos muita coisa para explorar de IA, tem muita oportunidade, tem como ainda melhorar muito mais a precisão do que já temos de aplicações, descobrir novas aplicações, novas funções. M&M – O propósito do iFood é ‘Alimentar o futuro do mundo’.
Esse propósito conversa diretamente com South by Southwest, que está olhando cada vez mais para o ser humano. Neste sentido, qual é a estratégia do iFood para atingir esse propósito? O que a empresa anda fazendo nos últimos anos para alcançá-lo?
Ana – O SXSW sempre vai falar muito sobre tecnologia e neste ano está falando muito de AI, e é o que comentei anteriormente, tem um olhar mais humanizado nos temas.
E sobre o propósito do iFood, quando falamos de ‘alimentar o futuro do mundo’, tentamos relacionar também a tecnologia aqui de alguma forma, então quando falamos do alimentar, o que dizemos é que por meio da tecnologia, que vamos entregar a comida, momentos incríveis, ajudar os parceiros a prosperarem, fazer o nosso ecossistema todo funcionar de uma maneira muito mais inteligente, muito mais intuitiva.
Quando falamos do futuro, é conseguirmos pensar não só no futuro de tecnologia, mas também no futuro de oportunidades. Estamos falando de oportunidades para os entregadores e suas famílias, para os funcionários de restaurantes, para as pessoas negras e da periferia, trazendo inclusão, educação e empregabilidade.
Essa bandeira de olhar muito para a educação como futuro, é uma causa que o iFood apoia e que, inclusive, lidera muitas iniciativas, justamente pensando nesse futuro que vai além da tecnologia.
E quando estamos falando do mundo, é o nosso legado, queremos deixar um impacto socioambiental positivo, falando de impacto zero de carbono, redução de plásticos nas nossas entregas, mas, além disso, estamos falando de deixar um legado da educação, que muitas vezes também é relacionada à inclusão de tecnologia.
Somos uma empresa brasileira, então não dá para não falar sobre o que queremos para o Brasil, buscamos um Brasil que dê certo. Queremos promover o desenvolvimento de um país, aliando o compromisso de inovar e transformar a sociedade. Já são mais de dois milhões de pessoas beneficiadas com os nossos projetos, tanto de educação quanto inclusão. E é só o começo.
Tem muito coisa que ainda podemos fazer. Hoje em dia, não tem como as empresas de tecnologia ou de qualquer setor, mas principalmente nós, como empresa de tecnologia, não pensarmos também no propósito que temos como marca, como empresa, para o ambiente que em que estamos inseridos.
Temos o papel fundamental de contribuir, sim, socialmente para as questões que vivemos no nosso próprio país e também no mundo. M&M – O modelo de negócios do iFood acaba impactando, direta ou indiretamente, o meio ambiente. Em uma época tomada por discussões a respeito de sustentabilidade e crise climática, de que forma o iFood trabalha para diminuir ou eliminar esse impacto?
A criação da Ada (robô entregador) tem relação com isso? A empresa pretende aumentar o raio da atuação da Ada, assim como a sua frota sustentável? Ana – Entendemos o nosso papel, o papel do delivery do iFood em relação ao meio ambiente. Temos investido constantemente em soluções e iniciativas para promovermos justamente essa sustentabilidade tanto dentro quanto fora do nosso ecossistema.
Trabalhamos em duas frentes prioritárias, que são as entregas nessa questão de meio ambiente e sustentabilidade, que tem a ver com entregas não poluentes e a diminuição de poluição plástica. Então, quando falamos de entregas não poluentes, temos um compromisso público que até 2025 vamos realizar 50% das entregas próprias com veículos não poluentes e neutros em carbono.
E para podemos alcançar essa meta, investimos muito em diferentes tipos de modais, como é o caso, por exemplo, de entregas via bike. Tem a Ada, mas a Ada é um robô ainda em fase de teste.
Ela é 100% elétrica, capaz de transportar cargas de até 30 quilos, com autonomia até de 12 horas, inclusive aqui no South by Southwest vimos robôs de entrega de delivery de comida circulando aqui, mas esse robô está ainda em processo de desenvolvimento, está se aprimorando e, por enquanto, estamos testando dentro da sede do iFood, ela ainda não faz entregas na rua.
O robô é parte desses testes para modais limpos, mas em relação ao plástico, já toma diversas medidas para diminuirmos a utilização no delivery. Temos incentivado muito a eliminação de talheres plásticos, substituímos embalagens plásticas utilizadas por restaurantes por soluções mais sustentáveis.
Então, temos embalagens hoje 100% recicláveis, são totalmente livres de plásticos, biodegradáveis e retornáveis. Já temos feito esse movimento já há algum tempo para diminuirmos o uso de plástico no delivery. M&M – Está tramitando no Governo um projeto de lei para regulamentar a atividade profissional de trabalhadores por aplicativos no Brasil.
O que a empresa faz para melhorar a atividade profissional dos entregadores? Ana – Em relação aos entregadores, temos plena consciência que eles são parte fundamental, essencial para o nosso dia de delivery, e entendemos o papel que o iFood tem na vida dessas pessoas e das suas famílias.
Então, buscamos incessantemente oferecer sempre melhorias positivas no dia a dia deles e investir constantemente em oportunidades que vão valorizar esses trabalhadores. Isso inclui desde projetos, até investimentos em educação, segurança, respeito, inclusive, incentivando o próprio olhar da sociedade, um olhar mais humanizado em relação aos próprios entregadores.
O futuro do delivery e o papel da tecnologia no acesso à alimentação
Vou citar aqui algumas iniciativas para exemplificar, temos hoje o programa Delivery de Vantagens, que tem oito iniciativas distintas que visam oferecer uma melhor experiência para todos os entregadores cadastrados na nossa plataforma, desde seguro pessoal, seguro acidente, auxílio-família, cobertura exclusiva para as mulheres entregadoras, assistência à saúde, seguro moto, educação, pontos de apoio, plano de celular, descontos.
Além disso, hoje existe uma central de apoio jurídico e psicológico para caso o entregador sofra uma violência ou um caso de assédio, enfim, alguma coisa nesse sentido, temos uma iniciativa em parceria com a Black Sisters in Law, que fornece essa assistência jurídica e psicológica para todo mundo que tenha sido vítima de discriminação ou agressão durante as entregas.
Temos o edital do iFood Chega Junto, que lançamos com um fundo de R$ 1 milhão voltado para entregadores e coletivos, que precisam de recursos financeiros para viabilizar ações sociais sempre no eixo de educação, oportunidade, respeito, orgulho e autoestima.
Também é legal falar um pouco sobre também outra iniciativa que temos, que é o Meu Diploma do Ensino Médio, onde temos formado por ano milhares de entregadores, que desejam concluir o ensino médio. M&M – Em entrevista à Folha, Fabricio Bloisi, CEO, afirmou que em dez anos pedir um delivery será tão barato quanto comprar comida no mercado e fazer em casa.
Qual é o papel da tecnologia nesse processo de barateamento? Ana – Temos investido em diversas tecnologias e iniciativas para tornar a plataforma mais acessível e democrática.
Antes de falar de tecnologia, vou falar de alguns programas, porque a tecnologia acaba viabilizando muito esses produtos que temos, porque através da inteligência artificial de conseguirmos personalizar, é por meio de leituras de dados, de uma forma, usando a própria tecnologia para podemos interpretar os dados, entender a quantidade de comportamento e dados que aparecem na nossa plataforma, nos fazemos construir esses produtos mais acessíveis.
Por exemplo, em Fortaleza, temos o iFood Hits, que tem a finalidade de oferecer refeições de qualidade com preços acessíveis. Temos almoço e jantar a partir de R$ 19,99 com entrega grátis. Está focado ali em Fortaleza, mas a ideia é testarmos esse produto e expandir depois. Temos visto também um aumento muito grande da categoria de marmitas.
Entre 2022 e 2023, teve um aumento de pedidos de mais de 30% nesse tipo de categoria. Isso prova o interesse das pessoas e a oportunidade que temos de viabilizar essa oferta para eles.
Além disso, temos impulsionado também desde o final do ano passado, muitas ações promocionais, então até por dia de semana, toda terça-feira tem 30% de desconto, quarta-feira tem quarto em dobro, quinta-feira da entrega grátis e também divulgado muito nosso clube iFood, que oferece cupons de desconto. Tudo isso são iniciativas que fazemos para acessibilizarmos o uso do delivery.
E, obviamente, que a tecnologia, por fazer parte do nosso dia a dia, ela nos ajuda a entender qual a curadoria que temos que oferecer, com os preços mais acessíveis, qual o tipo de oferta, como é que oferecemos o clube mais personalizado.
Então, obviamente, que a tecnologia acaba sendo aplicada de forma transversal para ajudar esse processo, porque temos mais assertividade, temos mais dados, conseguimos ter uma leitura mais eficiente dos dados e conseguimos ser mais assertivos nessas ofertas, nas promoções
Fonte: @ Meio&Mensagem
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